A mineira Cemig está se preparando para uma eventual privatização, com ações que a deixem mais eficiente e rentável, enquanto trabalha para convencer o governo do Estado sobre a urgência de avançar com essa agenda na Assembleia Legislativa do Estado, disseram executivos da companhia.

Em reunião pública com investidores e analistas nesta segunda-feira, o presidente-executivo da elétrica, Reynaldo Passanezi, e o presidente do conselho de administração, Márcio Utsch, defenderam uma mobilização imediata do governo mineiro em torno da agenda de privatização, que ainda precisa de aprovação no Legislativo local.

Segundo Utsch, mudanças estratégicas realizadas nos últimos anos, como os desinvestimentos de participações minoritárias em empresas como Light e Renova, permitiram “limpar” a agenda dos administradores da Cemig, abrindo espaço para que eles possam concentrar mais tempo em ações voltadas à privatização.

Cermig e privatização

Fomos limpando essas pautas e a nossa cabeça voltou mais para a gente tentar cada vez mais… focar em Minas, sair de ativos de baixa rentabilidade ou até rentabilidade negativa… isso permitiu que a gente voltasse mais o trabalho para privatização”, disse.

O presidente do conselho da Cemig enxerga um ambiente mais favorável para a aprovação legislativa da privatização, com possibilidade de isso sair “neste mandato”, e disse que a administração da Cemig tem defendido ao governo mineiro uma mobilização imediata junto à assembleia em torno desse tema.

“A intenção nossa é ‘já’, não queremos perder tempo nenhum… Temos tido reuniões no governo (de Minas Gerais), Reynaldo e eu, a gente enfatiza o tempo todo a necessidade de uma mobilização já junto à Assembleia”, afirmou Utsch.

Questionado sobre “timing” para a aprovação legislativa, ele não arriscou uma previsão, recordando que o governo mineiro tem outras agendas de seu interesse e uma estratégia própria para trabalhar isso junto aos deputados locais.

Já o CEO da Cemig reforçou sua visão positiva da privatização para a companhia, dizendo que ela se livraria de amarras de gestão típicas de estatais.

“É muito bom para a Cemig passar por um processo de privatização, se transformar em uma corporação. Irá gerar valor. Esse processo… de criação de valor se acelera ainda mais em um movimento em que a gente tenha que virar corporation, eventualmente ser privatizada”, avaliou Passanezi.

O plano seguiria o movimento da estatal federal Eletrobras, privatizada no governo anterior, e também indica semelhanças com a intenção da gestão da Copel, que quer se tornar uma empresa com capital pulverizado e sem controle do Estado do Paraná.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tem anunciado sua intenção de privatizar a elétrica mineira desde o mandato passado, mas o projeto não teve avanços no âmbito do legislativo até então.

Ainda não se sabe qual modelo de privatização poderá ser adotado para a Cemig, mas existe a possibilidade de se optar por uma operação nos moldes da realizada para a Eletrobras, que envolveu uma oferta de ações para torná-la uma companhia de capital pulverizado.

Para a Copel, um projeto já foi aprovado pelos deputados locais. (Por Letícia Fucuchima) Reuters Leia mais em istoedinheiro 27/03/2023