A escolha do sócio é uma das decisões mais estratégicas que uma empresa pode tomar, não se limitando apenas a competências técnicas ou financeiras, mas também à afinidade com os valores, visão e objetivos da organização. Um sócio vai muito além de ser apenas um investidor ou colega de trabalho – ele é um parceiro que compartilhará responsabilidades, desafios e conquistas ao longo da jornada empreendedora. No entanto, encontrar o sócio ideal não é uma tarefa simples. Dados apontam que cerca de 65% das startups falham devido a conflitos entre os fundadores, principalmente quando os sócios não compartilham os mesmos objetivos ou visões para o negócio. Por isso, alinhar expectativas desde o início é fundamental para evitar rupturas futuras.

Um estudo revela que 27% dos empresários enfrentam dificuldades em encontrar um parceiro adequado, e apenas 10% se sentem extremamente confiantes na identificação e qualificação de possíveis sócios. Esse processo pode se tornar ainda mais complicado quando não há clareza sobre quais qualidades procurar, como habilidades complementares e estilos de trabalho compatíveis. Para escolher o sócio ideal, é necessário seguir alguns passos que ajudam a tornar essa decisão mais assertiva.

O primeiro envolve realizar uma avaliação interna honesta. É importante perguntar: “O que a empresa realmente precisa para crescer?”. Esse questionamento pode apontar para a necessidade de expertise em uma área técnica, uma visão inovadora de mercado ou até mesmo uma maior capacidade de execução. Avaliar o histórico de parcerias e alianças anteriores também pode ajudar a identificar onde houve sucesso e onde ocorreram falhas.

Outro aspecto essencial é definir a meta da sociedade. Durante o planejamento empresarial, é crucial estabelecer um objetivo claro que esteja intimamente conectado à visão estratégica da empresa e à capacidade de execução do time. O sócio escolhido deve estar alinhado com essa meta desde o início e ela pode envolver o aumento do faturamento, a expansão para novos mercados, o desenvolvimento de produtos ou a entrada em um novo setor. É importante que a meta seja mensurável, específica e realista para todos os envolvidos.

Considerar a cultura organizacional também é indispensável no processo de escolha de um sócio. Aspectos como estilo de liderança, visão de longo prazo e valores compartilhados devem ser levados em conta. O possível sócio precisa ter não apenas a vontade de crescer, mas também de concordar com o caminho que será percorrido para alcançar esse crescimento. O alinhamento em questões culturais e de gestão evitará conflitos e garantirá uma parceria mais saudável no futuro.

Entretanto, durante esse processo, um ponto crucial que muitas empresas negligenciam é o estabelecimento de um acordo societário detalhado e bem elaborado. A falta de clareza nos contratos e responsabilidades pode gerar conflitos irreparáveis. Ao abordar questões como a divisão de lucros, a tomada de decisões, a entrada de novos sócios e a saída de membros da sociedade, esse documento formalizará a colaboração, criando uma base sólida para lidar com possíveis desentendimentos.

Outro cuidado importante é evitar decisões impulsivas. O momento ideal para escolher um sócio é quando a empresa atinge um ponto de inflexão, ou seja, quando as demandas de crescimento ou expansão superam as capacidades internas da organização. Se o negócio começa a perder oportunidades por falta de expertise, conexão ou financiamento, pode ser o momento de buscar um parceiro estratégico, mas é fundamental que essa decisão ocorra em um ambiente de planejamento e não por impulso ou desespero.

A escolha de um sócio compatível é um processo complexo e, mesmo que simbolize um desafio, é um passo fundamental para garantir o crescimento e o sucesso a longo prazo – se realizado da maneira correta. Autor: Renato Lolico, CRO e sócio fundador da Runb

Com informações da Mention Net 04/11/2024