Uma mudança recente na composição acionária da Iguá – e consequentes ajustes em seu conselho e diretorias – parece ter deixado a companhia mais agressiva no plano de expansão. A empresa de saneamento levou hoje a concessão de Sergipe, num ágio de quase 123% que levou a outorga a R$ 4,54 bilhões. As apostas no setor apontavam para Aegea, que deu o segundo maior lance, de R$ 3,7 bilhões.

Sergipe será o segundo maior ativo da companhia, atrás apenas da Iguá Rio, a controlada que ganhou lotes na concessão da Cedae.

“A gente se aprofundou bastante nessa análise, em todos os aspectos que envolvem um leilão dessa magnitude, e é emblemático que isso aconteça depois desse movimento societário”, disse Roberto Barbuti, presidente da Iguá ao Pipeline. Em maio, a então acionista minoritária IG4, que era responsável pela administração da companhia, deixou a operação, que seguiu sob controle dos fundos canadenses CPPIB e AIMCo. “A alavancagem da companhia é alta, o que não é uma particularidade nossa no setor, por isso é relevante termos o suporte dos acionistas num ambiente de custo de capital alto”, emenda.

A Iguá tem R$ 8,2 bilhões de dívida bruta e R$ 7 bilhões de dívida líquida, o que leva a uma alavancagem de 7,5 vezes o Ebitda. O grosso disso vem da operação no Rio, onde o custo de outorga foi mais que o dobro dos investimentos obrigatórios no médio prazo – para se ter uma ideia, excluindo Rio a alavancagem consolidada ficaria em 3,5x.

Com os novos ativos, a mudança na alavancagem vai depender do volume de recursos que os canadenses vão colocar. Barbuti não detalhou, mas a estimativa no mercado é que seja de ao menos metade da outorga. Já o capex da concessão, de R$ 6,3 bilhões, será financiado no longo prazo.

Isso vai demandar ao menos mais uma renegociação de covenants com credores – a companhia fez duas recentemente e deve em breve fazer outra com detentores de dívida. “Estamos tranquilos em relação à capacidade de servir a dívida, só temos que gerir os covenants”, diz Barbuti.

A companhia também vem há tempos se preparando para acessar o mercado de equities, mas ainda não encontrou janela e valuation adequados. A Iguá faz parte do Bovespa Mais e tem um compromisso com a B3 de melhores esforços para uma oferta inicial até o final desse ano. Esse compromisso já foi renovado mais de uma vez e, pelo andar da carruagem (mais de dois sem IPOs no país), deve ser mais uma vez.

A companhia tem ainda a opção de deixar o Bovespa Mais, caso seus acionistas mudem de ideia sobre esse plano, o que demandaria uma mudança no acordo de acionistas com o BNDES, que segue como acionista minoritário. O banco pode ser diluído se não participar do aumento de capital planejado pelos controladores.

No início do ano a companhia chegou a engajar bancos para coordenar a operação, prevendo que a oferta da Sabesp teria um efeito mais amplo de fluxo para a bolsa e setor, o que não aconteceu.

Mas a Iguá segue em conversas com potenciais investidores. Ontem, Barbuti e seus principais executivos estavam em comitiva no Itaú BBA em rodadas com gestores brasileiros. Outras companhias também participaram da 2ª Conferência de Empresas Fechadas promovida pelo banco… leia mais em Pipeline 04/09/2024