Nos anos de 2020 e 2021, mais de 860 companhias privadas abriram seu capital ao se fundirem com SPACs (Special Purpose Acquisiton Companies) ou “empresas de cheque em branco”, como esses veículos ficaram mais conhecidos a partir desse boom. Essas ofertas movimentaram cerca de US$ 246 bilhões, segundo a consultoria SPAC Research.

Da mesma forma, passados pouco mais de dois anos do início dessa onda, não faltam números para ilustrar como esse modelo entrou em parafuso. Seja por meio da redução dos acordos ou no desempenho de muitas das empresas originadas dessas associações, especialmente nos Estados Unidos.

Sob esse último viés, um dos levantamentos mais recentes foi realizado pela agência Bloomberg. E o resultado dos dados compilados ajuda a engrossar as estatísticas pouco animadoras em relação a essa alternativa que, cada vez mais, vem perdendo seu apelo em Wall Street.

A pesquisa identificou oito empresas que se tornaram públicas por meio da fusão com SPACs desde julho de 2021. E traz quantos dias cada uma delas levou entre o início como companhia de capital aberto e um pedido de proteção contra falência.

Do Boom à Falência: A Nova Onda das SPACs?

O recorde entre as empresas incluídas no levantamento ficou com a Enjoy Technology, plataforma cuja proposta é “reinventar o comércio em casa”, com a venda de produtos, serviços e assinaturas diretamente ao consumidor.

A companhia chegou à Nasdaq em 18 de outubro de 2021, a partir da associação com a Marquee Raine Acqusition Corp, captando, no processo, mais de US$ 250 milhões. Pouco mais de oito meses depois, ou exatos 256 dias, a empresa acionou o Capítulo 11 da Lei das Falências nos Estados Unidos.

Quem também levou pouco tempo para cumprir esse roteiro foi a Fast Radius. A companhia foi listada na Nasdaq em fevereiro de 2022, ao se fundir com a ECP Environmental Growth Opportunities, em um acordo avaliado em US$ 1,4 bilhão.

Já em novembro do mesmo ano, apenas nove meses ou 274 dias depois, a companhia pediu proteção contra falência. Um mês depois de seguir esse caminho, a Fast Radius teve parte de seus ativos comprados pela também americana SyBridge Technologies.

No mesmo mês, dezembro de 2022, quem acionou o Capítulo 11 foi a Quanergy Systems, de softwares e sensores. Dez meses, ou mais precisamente, 308 dias antes, a companhia californiana conquistou o status de empresa aberta na Bolsa de Nova York ao unir forças com uma SPAC.

O nome mais recente a se juntar a essas companhias foi a Starry Group, provedora de internet que pediu falência em setembro de 2022, onze meses depois de chegar à Bolsa de Nova York e alcançar uma avaliação de US$ 1,76 bilhão.

Em outro dado crítico e que indica que essa nova onda, agora em direção ao Capítulo 11, pode estar só no início, o levantamento mostra que quase 100 empresas listadas via SPACs não têm recursos suficientes para financiarem suas operações, com seu nível atual de despesas, até 2024.

“A destruição de valor tem sido espetacular”, afirmou Dan Zwirn, cofundador da empresa de investimentos … leia mais em NeoFeed 28/02/2023