Economias emergentes: Brasil e Índia estão melhor posicionados para enfrentar cenário de mudanças políticas dos EUA
Por outro lado, economias emergentes menores e mais abertas estão mais expostas a flutuações no sentimento dos investidores e na volatilidade cambial.
Os mercados emergentes (MEs) estão expostos à instabilidade das políticas dos EUA e seu potencial de remodelar os fluxos globais de capital, cadeias de abastecimento, comércio e a geopolítica. Os MEs grandes, como o Brasil, têm recursos para lidar com a turbulência, mas seus pares menores e com economias abertas são mais vulneráveis porque dependem mais do comércio e do investimento estrangeiro para crescer.
Quando a aversão ao risco aumenta, os MEs se tornam particularmente vulneráveis às saídas de capital. Grandes MEs, como a Índia e o Brasil, estão melhor posicionados para atrair e reter capital global em condições de aversão ao risco porque possuem economias grandes e voltadas para o mercado interno, mercados de capitais domésticos profundos, credibilidade política moderada e reservas cambiais significativas. Esses atributos fornecem colchões contra pressões financeiras externas e, consequentemente, dão confiança aos investidores.
A Índia tem um índice de vulnerabilidade externa (EVI) baixo, de 61%, o que indica sua suscetibilidade relativamente menor a choques financeiros externos. Isso é consequência de sua relação dívida externa/PIB relativamente moderada, de 19%, e baixa dependência das exportações dos EUA (cerca de 2% do PIB). O Brasil tem o mesmo EVI e uma relação de dívida externa/PIB ligeiramente menor, de 16%, além de uma dependência ainda mais baixa do comércio dos EUA para o crescimento do PIB.
Por outro lado, economias menores e mais abertas estão mais expostas a flutuações no sentimento dos investidores e na volatilidade cambial, assim como economias com uma grande parcela da dívida denominada em moeda estrangeira, como Argentina e Colômbia. A diferenciação entre os MEs em termos de crescimento econômico, condições de financiamento e volatilidade cambial se tornará mais pronunciada à medida que as políticas dos EUA continuarem a mudar, com implicações de crédito potencialmente de longo alcance.
O crescimento econômico desacelerará em muitos MEs.
O crescimento dos MEs diminuirá em conjunto em 2025-2026, mas permanecerá sólido, com ampla variação de acordo com o país. A Ásia-Pacífico continuará a apresentação uma expansão mais forte. No entanto, a integração da região no comércio global significa que ela está mais exposta às tarifas dos EUA e ao seu potencial de desacelerar o crescimento. As tarifas também são um risco para as economias da Europa Central e Leste europeu. As economias latino-americanas geralmente são menos abertas do que as de outras regiões, mas as tarifas seriam um golpe significativo para o México por causa de sua dependência do comércio dos EUA. Os preços do petróleo continuarão a impulsionar o crescimento em partes do Oriente Médio.
A imprevisibilidade das políticas comerciais dos EUA é um risco de crédito importante.
Uma retração no investimento doméstico e estrangeiro devido a essa imprevisibilidade atingiria primeiro os setores exportadores. Muitos MEs estruturaram seus modelos comerciais em torno do acesso preferencial ao mercado dos EUA, beneficiando-se de assimetrias tarifárias de longa data. As economias que impõem tarifas elevadas sobre as importações dos EUA, embora dependam muito das exportações daquele país, estão particularmente expostas. As tarifas dos EUA tiveram mais impacto no México, a Tailândia e a Malásia, porque esses países dependem das exportações para os EUA para crescer e estão integrados nas cadeias de abastecimento dos EUA.
O risco de saídas de capital aumenta à medida que a incerteza abala os investidores.
Economias emergentes grandes, diversificadas e com foco doméstico, como a Índia (Baa3 estável) e o Brasil (Ba1 positiva), estão mais equipadas do que seus pares menores para continuar a atrair capital e resistir a qualquer saída de investimento estrangeiro. Essas duas economias também têm mercados de capitais domésticos profundos e baixos indicadores de vulnerabilidade externa. Por outro lado, economias menores e mais abertas estão mais expostas a flutuações no sentimento dos investidores e na volatilidade cambial, assim como economias com uma grande parcela da dívida denominada em moeda estrangeira, como Argentina (Caa3 positiva) e Colômbia (Baa2 negativa).

Este relatório é uma tradução de Macroeconomics – Emerging Markets:EMs buffeted by shifting US policies; ability to navigate choppy waters varies publicado em 31 Março 2025.
Com informações da Moody’s 31/03/2024