Fábio Mello se descreve como alguém “sempre preparado” para o próximo passo da sua empresa no mercado. Foi essa mentalidade que levou o agente de jogadores de futebol a estruturar a FMS Gestão Esportiva para uma tendência de consolidação partindo das gigantes internacionais do ramo. Agora, o empresário transita pelo mercado em busca de um M&A (fusão ou aquisição, em tradução livre).

Quem tem o mandato para prospectar movimentações do tipo é a Matix Capital, especializada em futebol. A boutique esteve por trás da estruturação de grandes SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) brasileiras. Acostumada a atuar no buy-side (lado interessado na compra em um investimento), a consultoria aconselhou a Eagle Capital, empresa de John Textor que comprou o Botafogo, e 777 Partners, fundo investidor do Vasco da Gama.

O prognóstico leva em conta grandes movimentações nos últimos anos. De 2019 para cá, a CAA, empresa que nasceu para agenciar talentos de Hollywood, expandiu o seu braço nos esportes com as aquisições das gigantes Base Soccer e ICM Stellar Sports. Em uma incursão recente, a Roc Nation, do rapper Jay-Z, aumentou sua representação no Brasil com a compra da agência de jogadores de futebol TFM.

“Eu acho que esse vai ser um movimento: assim como existem os modelos de proprietários multiclubes, também existirão as multiagências”, avalia Mello, em referência ao modelo de multiclub ownership, como faz parte o Botafogo, no Brasil. “Estou me preparando para isso, uma futura fusão ou aquisição.”

A FMS transita na lista das 15 maiores agências de jogadores de futebol do Brasil, em um bloco formado pelas casas com menos atletas, mas ticket médio elevado. São os casos de atletas como Matheus Henrique e Gabriel Veron, do Cruzeiro, e Mayke, do Palmeiras. O valor de mercado da empresa roda em torno de 53 milhões de euros (R$ 348,90).

É um perfil diferente do que normalmente grandes players internacionais buscam em uma aquisição, embora possua jogadores de um grande portfólio de jogadores caros. A TFM, comprada pela Roc Nation, tem um valor de mercado próximo a 267 milhões de euros (R$ 1,66 bilhão), segundo a plataforma especializada em transações no futebol Transfrmrkt.

Não são muitas, contudo, as opções desse tipo no Brasil. Muitos dos principais agentes do país atuam sob uma estrutura bastante centralizada em seus nomes, com longas carreiras no futebol. A ideia de Mello é se diferenciar pelo modelo de negócio e expandir o portfólio com um eventual investimento.

A principal sinergia em um negócio neste ramo é destravar um valor de investimento. Há, é claro, ganhos operacionais, mas com um aporte ou M&A, é possível incluir novos jogadores de alto valor na carteira de ativos”, explica Victor Oliveira, sócio da Matix Capital.

O modelo que Mello tem estruturado passa pela criação de uma rede de agentes autônomos formados na profissão – e aqui, a história do agente se mistura com a estratégia da empresa.

Mello é um ex-jogador de futebol que teve a carreira encurtada por lesões. Aos 30 anos, já longe dos campos, se formou em Gestão do Esporte e fez pós-graduado em Administração e Marketing Esportivo, quando fundou a FMS. As especializações, junto aos contatos feitos na carreira, abriram espaço para que o executivo começasse a ministrar um curso de gestão de atletas na ESPM.

Aqueles agentes autônomos que vão compor o quadro da estrutura proposta por Mello virão justamente da unidade de negócios recentemente lançada pela FMS. “Vou transformar a empresa em uma rede de agentes autônomos e franquias”, explica. “A pessoa faz um curso, vem para uma mentoria e, se tiver valores e princípios similares aos nossos, vira um agente e vai para o mercado.”

Por enquanto, Matix e FMS já têm alguns acordos de não divulgação (NDAs, na sigla em inglês) com investidores nacionais e companhias estrangeiras em andamento, que permite troca de informação com outras empresas interessadas em um negócio… saiba mais em InfoMoney 03/08/2024