O presidente Lula quer que o governo volte a ser dono da Eletrobras (ELET6). E a intenção dele ficou bastante clara ao anunciar, nesta quarta-feira (22), a Frente Parlamentar Mista pela Reestatização da Eletrobras.

Na última terça-feira, ele já tinha dado um “spoiler” sobre seus planos ao afirmar, em entrevista à TV 247, que “a privatização da Eletrobras foi um crime” e que “o governo vai voltar a ser dono”.

A frente, encomendada pelo presidente, pretende discutir o poder acionário da empresa pelo governo federal.

Na prática, o objetivo é derrubar o dispositivo que determina que qualquer acionista só pode ter no máximo 10% do poder de voto nas assembleias, mesmo que tenha uma participação maior na empresa. O que prejudica a União, que tem 42,6% de participação das ações ordinárias.

Esse limite foi estabelecido na lei de privatização da Eletrobras. Transformar a empresa em uma “corporation”, isto é, sem controlador definido, foi uma das condições para atrair mais investidores e fazer o negócio crescer.

Eletrobras . Foto: divulgação

Agora, o objetivo de Lula é retomar o poder da maior empresa de energia elétrica da América Latina. Mas será que isso é realmente possível?

Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, analisou os planos de Lula e a chance da reestatização da Eletrobras se tornar realidade.

A seguir, você pode conferir a análise dele a respeito das intenções do governo e o que ele recomenda que o investidor faça com as ações diante disso.

O governo pode voltar a ser dono da Eletrobras?
Embora reestatizar a Eletrobras seja um desejo de Lula desde que concorria ao cargo de presidente, colocá-lo em prática não é uma tarefa tão simples assim. É isso que explica Ruy.

O analista elucida que seria necessário pagar o triplo do preço caso o governo quisesse fazer as ações voltarem ao seu poder. “O governo teria que desembolsar uma bolada sem ter muito dinheiro, já que estamos num momento fiscal delicado”, explica.

A razão disso é que, na privatização da Eletrobras, foi feita uma cláusula de proteção contra a reestatização via “poison pill”, a “pílula do veneno”, no jargão do mercado financeiro.

Por conta dessa cláusula, caso o governo queira reestatizar a empresa, terá de pagar o triplo do valor das ações na maior cotação dos últimos 2 anos.

Nesse sentido, o governo teria de gastar aproximadamente R$ 161,7 bilhões para ter a Eletrobras de volta.

É por isso que, por mais que Ruy entenda que a reestatização não é impossível, hoje os investidores têm um resguardo:

“No cenário de hoje, entendo que é difícil que isso aconteça, principalmente por causa desta cláusula. Mas esse é um case que a gente tem que acompanhar todos os dias, pra ver se a história não muda. Esse ponto específico é o que hoje traz resguardo para o acionista”, explica… saiba mais em Seu Dinheiro 24/03/2023