O mercado brasileiro de fusões e aquisições (M&A) inicia 2025 com uma promessa de mudanças importantes, movido por um cenário de recuperação econômica e pelo amadurecimento de setores estratégicos. Após anos de desafios e ajustes, o Brasil apresenta agora um cenário favorável para o crescimento tanto no número quanto na qualidade das transações.

Nos últimos cinco anos, o mercado de M&A no Brasil experimentou uma evolução significativa. De acordo com dados de consultorias especializadas, o país encerrou 2020 com cerca de 1.200 transações, majoritariamente nos setores de tecnologia e saúde. Em 2021, esse número cresceu aproximadamente 50%, superando 1.800 operações, impulsionado pela recuperação pós-pandemia e pela aceleração digital. Apesar de uma leve desaceleração em 2022 devido à instabilidade econômica global, 2023 e 2024 mostraram uma recuperação gradual, com destaque para investimentos estrangeiros em empresas de médio porte.

Esse crescimento não é apenas quantitativo; a qualidade das transações também evoluiu. Negócios que antes eram caracterizados por aquisições simples agora envolvem estratégias mais sofisticadas, como joint ventures, parcerias globais e aquisições focadas em inovação. Com uma maior seletividade no mercado, os investidores estão priorizando operações com maior valor estratégico e potencial de retorno. Essa maturidade reflete a evolução das empresas brasileiras e a demanda por negócios que ofereçam sustentabilidade, inovação e governança robusta.

Com base nesse histórico, 2025 se apresenta como um ano promissor. O número de transações deve ultrapassar 2.000 operações, consolidando o Brasil como o principal destino de M&A na América Latina. A retomada econômica e o aumento da confiança dos investidores são fatores-chave nesse crescimento, enquanto o chamado middle market — empresas de médio porte — desponta como um dos motores desse movimento.

Os setores de tecnologia, saúde e energia renovável continuam no centro das atenções. No segmento de tecnologia, empresas focadas em soluções para fintechs, inteligência artificial (IA) e comércio eletrônico permanecem liderando as negociações. O avanço da IA tem acelerado o processo de identificação de empresas-alvo, tornando as análises mais precisas e eficientes. Ferramentas de IA auxiliam na due diligence, permitindo uma avaliação mais aprofundada e rápida das potenciais aquisições, o que pode aumentar a frequência e o ritmo das atividades de M&A.

Embora o cenário econômico para 2025 apresente desafios, como juros elevados, desvalorização do real e inflação pressionada, há fatores que podem impulsionar as atividades de M&A no Brasil. A desvalorização do real torna ativos brasileiros mais atrativos para investidores estrangeiros,  que enxergam oportunidades estratégicas a preços competitivos. Além disso, em um ambiente de crédito caro, empresas maiores tendem a consolidar mercados, adquirindo concorrentes menores ou parceiros estratégicos. Embora o número de transações possa estar em declínio, o valor total das operações aumentou, refletindo uma maior seletividade e foco em ativos de alta qualidade. Dados mostram que, em 2024, o investimento estrangeiro direto no Brasil cresceu mais de 20%, demonstrando a confiança dos investidores no potencial do país, mesmo diante de desafios econômicos.

A crescente valorização de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) também marca essa nova fase do mercado. Em 2025, empresas que demonstram responsabilidade ambiental, promovem inclusão social e apresentam governança sólida terão maior destaque. Este foco reflete não apenas uma mudança no perfil dos investidores, mas uma transformação na forma como negócios são conduzidos no Brasil.

Por outro lado, o ambiente regulatório brasileiro segue desafiador. Setores estratégicos como financeiro, telecomunicações e energia demandam alto nível de diligência devido às regulamentações específicas, especialmente em um contexto onde as regras evoluem constantemente para atender a novas exigências sociais, econômicas e ambientais.

Com um histórico recente de evolução no mercado global de M&A, o Brasil entra em 2025 preparado para consolidar sua posição de destaque. Embora o cenário econômico apresente desafios, o interesse por ativos estratégicos e o amadurecimento do mercado indicam um ano promissor para empresas e investidores que souberem aliar visão estratégica, inovação e sustentabilidade.

Para investidores e empresas, este é o momento de olhar para o Brasil como um terreno fértil para grandes transações e, acima de tudo, um espaço para a construção de parcerias estratégicas e crescimento sustentável. O ano de 2025 promete ser um marco na história das fusões e aquisições no país. Autor: Leonardo Cotta Pereira – advogado e sócio do Escritório Champs Law, especializado em fusões e aquisições, direito societário, mercado de capitais e planejamento sucessório.

Com informações da Champs Law 20/01/2025