Este ano deveria ter sido grande para fusões e aquisições de saúde, mas acabou sendo relativamente lento. A situação está finalmente começando a mudar, e os acordos no setor devem aumentar em 2023.

De um lado, este ano havia farmacêuticas ricas olhando para um penhasco de patentes de US$ 200 bilhões. Por outro lado, havia muitas empresas de biotecnologia de menor porte com falta de dinheiro, cujas avaliações foram afetadas durante a recessão do mercado, oferecendo ativos com desconto. No entanto, 2022 acabou sendo relativamente lento. O valor agregado de acordos de saúde caiu 56%, para US$ 202 bilhões no acumulado do ano, escreveu a S&P Global Market Intelligence em um relatório publicado em 19 de dezembro.

M&A na Saúde

Parte da lentidão tem a ver com um desequilíbrio nas expectativas. Com o mercado de ações volátil em 2022, após um 2021 estelar, alguns presidentes de empresas-alvo hesitaram em aceitar uma redefinição de avaliação. Enquanto isso, compradores viram as altas de 2021 como tetos, não como uma linha de base para iniciar as negociações. O diretor financeiro da Johnson & Johnson (J&J), Joseph Wolk, disse isso em teleconferência em outubro.

No entanto, isso está começando a mudar. Logo após os comentários de Wolk, a J&J anunciou em novembro um dos maiores acordos de saúde deste ano, concordando em comprar a fabricante de bombas cardíacas Abiomed por US$ 16,6 bilhões. O preço de US$ 380 por ação representou um prêmio de cerca de 50% sobre o preço de fechamento da Abiomed um dia antes, mas não estava longe do recorde de 52 semanas da empresa estabelecido em novembro de 2021.

Uma dinâmica semelhante estava em jogo para o maior acordo de saúde do ano anunciado no início deste mês: a aquisição da Horizon Therapeutics pela Amgen por US$ 28 bilhões. Embora os US$ 116,50 por ação refletissem um prêmio de quase 50% sobre o preço de fechamento antes da notícia do acordo, era exatamente o que a Horizon estava negociando há cerca de um ano.

Os dois negócios consideráveis nos últimos dois meses de 2022 sinalizam que as diferenças entre os preços pedidos e os oferecidos estão começando a diminuir, o que significa que 2023 pode ser um ano muito melhor para fusões e aquisições. Embora a Amgen possa desistir devido ao quão alavancada ela se torna após o acordo com a Horizon, muitas empresas estão apenas começando, com muita capacidade de balanço e apetite.

Apesar do acordo com a Abiomed, a expectativa é de que a J&J seja uma das principais compradoras no ano que vem. Foi um dos pretendentes originais da Horizon e é amplamente esperado que continue buscando negócios, já que seu medicamento imunológico mais vendido, Stelara, perde a proteção de patente.

Outra grande potencial compradora em 2023 pode ser a Pfizer, que parece estar optando por fazer uma série de aquisições menores em vez de um meganegócio. Somente em 2022, a Pfizer comprou a Arena por US$ 6,7 bilhões, a Biohaven por US$ 11,6 bilhões, a Global Blood Therapeutics por US$ 5,4 bilhões e a ReViral por menos de US$ 1 bilhão. Entre o dinheiro disponível e sua capacidade de assumir dívidas, a Pfizer tem mais de US$ 100 bilhões em poder de fogo adicional, estima o Goldman Sachs.

Um meganegócio pode vir da Merck. A empresa estava em negociações para adquirir a Seagen por cerca de US$ 40 bilhões antes que as negociações chegassem a um obstáculo. Mas a administração deixou a porta aberta para fazer um grande negócio, pois procura substituir a receita esperada, uma vez que o Keytruda, seu medicamento contra o câncer de grande sucesso, perderá a patente no final desta década.

Ao todo, o ano que vem pode levar o valor do acordo de fusões e aquisições no setor farmacêutico e de ciências da vida para algo na faixa de US$ 225 bilhões a US$ 275 bilhões, escreveu a PricewaterhouseCoopers em um relatório. Com tanto pó seco e muitos alvos para olhar, os acordos no próximo ano parecem prestes a esquentar.

Com conteúdo VALOR PRO, o serviço de informação em tempo real do Valor Econômico…Leia mais em inteligenciafinanceira 27/12/2022