Algumas ações do setor de saúde têm apresentado quedas acima de 50% ao longo dos últimos 12 meses, com exceção do setor farmacêutico, que tem driblado as adversidades macroeconômicas.

Alta sinistralidade, juros elevados e competitividade do segmento são alguns dos desafios que as companhias de saúde têm enfrentado e que devem seguir pressionando a rentabilidade em 2023.

Empresas como Qualicorp (QUAL3) e Hapvida (HAPV3), que atuam no segmento de saúde complementar, com a oferta de planos de saúde, são as maiores quedas nos últimos 12 meses entre os pares do setor que compõem a carteira do Ibovespa.

Já a Rede D’Or (RDOR3), empresa que opera a maior rede independente de hospitais da América Latina, apresenta uma retração de 33,8%, e a Fleury (FLRY3), do ramo da medicina diagnóstica, tem um recuo menos expressivo, de 19,5%.

Apesar da contração no acumulada de doze meses, o ano de 2023 pode ser melhor para as companhias, com expectativas otimistas quanto à maturação das aquisições e fusões feitas pelas empresas nos últimos anos.

Algumas operações foram realizadas há mais tempo, como por exemplo a fusão entre a Hapvida e a NotreDame Intermédica (GNDI3), mas que ainda não surtiu grandes impactos nos resultados, enquanto outras ainda estão passando pelos processos burocráticos das transações.

Segmento de saúde complementar

Este segmento teve a rentabilidade prejudicada após o arrefecimento da pandemia de Covid-19, no segundo semestre de 2020, e as empresas ainda não conseguiram se recuperar.

Algumas ações do setor de saúde têm apresentado quedas acima de 50% ao longo dos últimos 12 meses, com exceção do setor farmacêutico, que tem driblado as adversidades macroeconômicas.

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O que esperar para 2023?

Para 2023, a competitividade do segmento e a alta sinistralidade devem continuar pressionando as margens da companhia.

A necessidade de reajustes nos preços acima da inflação também deve dificultar a vida da companhia na captação de novos beneficiários, o que pode resultar em menores rentabilidades.

Apesar disso, a evolução nos resultados envolvendo a combinação dos negócios com a NotreDame inspira otimismo. A maior maturação das sinergias pode ser uma alavanca para a empresa impulsionar os resultados e driblar as adversidades macroeconômicas em 2023.

Fusões e aquisições podem impulsionar resultados de 2023

Rede DO’r (RDOR3)

As empresas do setor de saúde têm buscado por operações de fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês) para encarar o desafiador cenário macroeconômico.

No final do ano passado, em 19 de dezembro, a ANS aprovou a fusão entre Rede D’Or e SulAmérica (SULA11), que atua no segmento de planos de saúde, com restrições que devem ter pouco impacto nas operações das companhias.

Diante disso, a companhia deve concluir a fusão já no primeiro trimestre desse ano.

Uma vez que as atividades se complementam, a companhia pode atuar de forma integrada, oferecer novos produtos e aumentar o número de beneficiários no portfólio.

Estas vantagens devem permitir que a empresa reduza os custos e eleve as margens das operações de acordo com a maturação das sinergias.

Segundo analistas do BTG Pactual, a incorporação da SulAmérica traz um caixa de R$ 11 bilhões que deve reduzir a alavancagem de 3 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda para 1,9 vez.

Neste contexto, a companhia poderia utilizar o caixa de diversas formas como em expansões, pagamentos de dívidas, ou até distribuição de dividendos. Caso a companhia utilize o capital para o pagamento de dívidas, as despesas com juros seriam reduzidas, aliviando a pressão das margens e gerando maiores lucros da companhia.

Fleury (FLRY3)

Já a Fleury realizou 10 aquisições desde 2021, sendo que cinco delas são companhias de medicina diagnóstica, com destaque para a combinação de negócios com o Grupo Pardini, da companhia Hermes Pardini (PARD3).

As outras cinco aquisições são de serviços de oftalmologia, ortopedia e infusões. No terceiro trimestre de 2022, estes segmentos geraram R$ 269 milhões em receitas a para companhia, o equivalente à 8% da receita total.

Além disso, o grupo tem retomado operações voltadas para o público de baixa renda. Estas unidades têm uma estrutura mais enxuta, portanto, os custos são menores e as margens tendem a ser maiores.

Estes novos negócios da empresa permitem que a companhia amplie os resultados, diversifique as fontes de receita, além de conquistar maior espaço de mercado com maior expansão geográfica.

Além do mais, é estimado um incremento no Ebitda entre R$ 160 milhões e R$ 190 milhões, com as sinergias geradas na combinação de negócios com a Hermes Pardini.

Portanto, a expectativa para Fleury é que a geração de caixa seja fortalecida para o próximo ano, podendo gerar maiores lucros para companhia. No entanto, é importante se atentar à alta taxa de juros, que pode continuar pressionando a margem líquida da companhia.

Recomendações dos analistas

De acordo com compilado feito pela Refinitiv e apresentado na plataforma do TradeMap, a recomendação da maioria dos analistas é de compra para os papéis de Hapvida e Rede D’Or. Já para Fleury, a recomendação é de manutenção das ações, enquanto, no caso da Qualicorp, a recomendação está dividida entre manter e vender os papéis da companhia… leia mais em Trademap 25/01/2023