A morte pode ser um tema que muita gente gosta de evitar, mas o mercado de planos e serviços funerários vem em ritmo de expansão e consolidação no Brasil. E o Grupo Zelo está se preparando para se manter entre as maiores empresas do segmento, que movimenta R$ 13 bilhões ao ano no País.

A companhia mineira, que conta com a Crescera Capital como sócia, fechou uma captação de R$ 130 milhões para investir na modernização e expansão de suas operações, além de ir em busca de novos ativos, dentro de uma estratégia de expansão do faturamento, previsto para alcançar a casa de R$ 700 milhões neste ano.

“Foi uma operação muito importante, principalmente do ponto de vista de duration, que nos permite ter uma estrutura de capital robusta, que

A empresa realizou a captação através de certificado de recebíveis (CR), com prazo de sete anos, em uma emissão coordenada pelo Itaú BBA. Essa foi a maior emissão já feita pela companhia.

Segundo Provenza, o foco da companhia em M&As está em ativos que possam aumentar a oferta de serviços em praças que a companhia atende. Operações para expansão territorial estão em segundo plano, porque geralmente não oferecem retorno em níveis considerados bons.

“Estamos menos focados em tamanho e mais em rentabilidade”, diz Provenza, destacando que a redução da Selic pode fazer com que o Zelo retome os planos nessa frente.

Fruto da união de quatro empresas funerárias em Belo Horizonte, em 2017, o Zelo vem utilizando M&As para se tornar o maior nome do mercado de death care, que conta ainda com o grupo gaúcho Cortel.

Ao longo de sete anos, a companhia realizou mais de 55 aquisições. Somente em 2021, depois que a Crescera Capital aportou cerca de R$ 370 milhões e se tornou um dos principais acionistas, o Zelo comprou 21 ativos, entre cemitérios, crematórios e empresas de serviços funerários pelo País.

A empresa também é parte do consórcio Consolare, que em 2022 pagou R$ 155 milhões para administrar seis cemitérios de São Paulo por 25 anos.

Com isto, o Zelo conta atualmente com 4 milhões de vidas cobertas pelos seus planos funerários, cerca de 3,1 mil funcionários, 22 cemitérios e mais de 200 filiais espalhadas por 14 Estados, com forte presença no Sudeste e no Nordeste. No ano passado, seu faturamento somou R$ 540 milhões.

Depois de interromper as aquisições entre 2022 e 2023, para integrar os ativos, o Zelo volta a olhar com mais atenção o mercado. A companhia já realizou duas aquisições em 2024, de companhias que atuam com planos e serviços funerários no Espírito Santo e no Ceará.

Considerando outras operações em negociação, a expectativa de Provenza é realizar quase R$ 50 milhões em M&As neste ano e cerca de R$ 80 milhões no ano que vem. Para isso, ele conta com o fato de o mercado ainda ser bastante fragmentado, com a maioria das empresas de cunho familiar.

“O principal driver de M&A no nosso setor passa pela questão de sucessão”, diz o CEO do Zelo. “São grupos em que o fundador criou o negócio, mas os filhos não têm interesse em administrar. Então, algumas vezes ele nos vê como uma oportunidade de ajudar a perenizar o negócio.”

A cobertura nacional é vista como fundamental para consolidar a frente de planos funerários, produtos comercializados por empresas do segmento para garantir a organização ou a cobertura financeira dos custos relacionados ao funeral, que representa quase 75% do faturamento do Zelo.

“Começamos a ver que fazia sentido ao nosso cliente ter uma rede, uma presença nacional, porque muitas pessoas moram num lugar, mas querem ser sepultadas em outro”, diz Provenza.

A expectativa é de que essa frente siga crescendo. Segundo uma pesquisa conduzida, em 2021, pela Euromonitor, a pedido do Zelo, 23% da população brasileira têm plano funerário. Para Provenza, o aumento da demanda vem do fato de esses planos serem baratos e ajudarem as pessoas a não ficarem desassistidas no momento da morte.

O custo é de R$ 10 por pessoa por mês e conta ainda com benefícios para se usufruir em vida, como descontos em farmácias, serviços de telemedicina e exames de imagem. “Antigamente tinha uma visão negativa a respeito do setor funerário, em que pessoas em momentos de fragilidade tinham que gastar um volume de recurso grande. O plano funerário veio para mudar isso”, diz o CEO.

Além da expansão dos serviços tradicionais, o Zelo vem investindo em tecnologia, “por incrível que pareça”, diz Provenza, considerando a natureza do negócio. “Dos R$ 24 milhões em capex que executamos, no ano passado, quase R$ 10 milhões foram em tecnologia”, afirma.

Os recursos foram destinados para o desenvolvimento de APIs para “conversar” com empresas parceiras e para desenvolver plataformas para a equipe comercial, algo que deve continuar após a captação dos CRs.

Diante das perspectivas de crescimento, a Zelo acaba sendo questionada se poderia ir pelo caminho do IPO. Segundo Provenza, a companhia realiza non-deal roadshows para apresentar a tese e possui uma estrutura de governança, sendo auditada por grandes nomes do mercado.

Sobre o assunto, ele diz que listar a companhia em Bolsa é um caminho que pode tomar, mas não representa a principal escolha, pelo menos neste momento.

“Tem outros caminhos que vemos como possíveis, como uma parceria com um investidor estratégico, crescer de forma orgânica, algo que a companhia consegue fazer por muito tempo sem necessidade de aporte de capital de terceiros”, diz Provenza… leia mais em Jornal Floripa 27/09/2024