O avanço da pauta econômica do governo e a sinalização de corte de gastos no Orçamento de 2025 pode ajudar a destravar o Ibovespa, mas não muda a expectativa de que o índice terminará este ano em 145 mil pontos, afirmou o estrategista-chefe e head do Research da XP Investimentos, Fernando Ferreira. “Não altera [a projeção], mas ajuda a destravar valor dos ativos locais, incluindo a Bolsa, que vinham muito pressionados”, disse ele em entrevista ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

Nesta semana o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a manutenção do arcabouço fiscal e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite de quarta-feira, 4, uma redução de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias para 2025.

No entanto, antes disso, os ativos brasileiros – principalmente no mercado de câmbio e de juros futuros – sofria com uma onda de ruídos políticos, que pioram a condução da política monetária e põem pressão sobre o Banco Central, diz Ferreira.

Segundo ele, o processo consistente de alta do Ibovespa e de retomada do investimento estrangeiro dependerá do nível dos juros. Por ora, a corretora mantém a expectativa de Selic em 10,50% ao ano até o fim de 2025, com risco de a taxa ficar acima disso.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

O anúncio do corte de despesas deve estimular o Ibovespa, a ponto de a XP mudar sua projeção de 145 mil pontos no final deste ano?

Não altera, mas ajuda a destravar valor dos ativos locais, incluindo a Bolsa, que vinham muito pressionados. O que sustenta a estimativa de Ibovespa aos 145 mil pontos no fim de 2024? As empresas estão reportando bons resultados no geral, o nível de alavancagem está bem adequado e há bons pagamentos de dividendos. Vemos a Bolsa barata. As ações estão baratas, no mesmo nível da crise de 2008 [crise financeira internacional] e abaixo inclusive do visto em meados de 2015, durante a gestão Dilma [Rousseff]. Isso mostra que as empresas estão gerando resultados, mas fatores macroeconômicos têm pesado. Se os juros começarem a subir, vai pesar no valuation do Ibovespa. Os problemas que vimos foram principalmente da ordem macro e política… leia mais em istoedinheiro 07/07/2024