IPO passo a passo: entenda mais sobre ofertas de ações
A estratégia de investimento em renda variável tem muitas possibilidades, como formar uma carteira de ações de empresas ou fundos de ações. De vez em quando aparecem novas empresas na bolsa. Para que a ação dessa empresa possa ser negociada, ela precisa realizar uma oferta inicial de ações, ou IPO na sigla em inglês (Initial Public Offering).
A oferta de ações é inicial, mas não para iniciantes. Mesmo quem já tem algum conhecimento sobre o mercado de ações precisa ir com calma no assunto. Isso porque toda oferta de ações é uma tentativa de captação de recursos no mercado de capitais em valores graúdos, na casa de milhões ou bilhões de reais.
A empresa quando lança uma oferta entrega um pedaço dela na forma de ações, em troca de dinheiro para realizar determinados projetos. Com novos acionistas para além dos donos do negócio, a companhia torna-se mais transparente em sua gestão e apta a receber mais fontes de financiamento do que um simples empréstimo.
Se a empresa já é listada, ela também pode optar por uma oferta de ações para captar mais dinheiro para novos projetos. Nesse caso, a oferta é chamada de subsequente, também conhecida pelo termo em inglês follow on.
Seja uma estreante na bolsa ou uma companhia já conhecida, a ofertante precisa seguir as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado de capitais, conforme a Instrução 160. Uma das obrigações é dizer ao público qual o propósito daquela operação. A partir dali, os investidores vão decidir se vale a pena ou não participar da oferta.
É preciso ler sobre a empresa e estudar seus planos no documento denominado prospecto preliminar da oferta. São centenas de páginas, com todo tipo de informações sobre a empresa: o que ela faz, o que vende e em quais países, quem são seus administradores, quais os principais projetos de investimento, como está seu balanço e, principalmente, o que ela quer fazer com esse dinheiro captado via oferta. No índice do extenso PDF do prospecto consta o capítulo “destinação dos recursos da oferta”. Saiba mais sobre ofertas de ações abaixo:
Toda oferta de ações pode ser chamada de IPO?
O termo IPO serve apenas para companhias estreantes na bolsa. A oferta inicial de ações é o meio pelo qual a empresa passa a ter registro de companhia aberta na CVM e pode começar a ter suas ações negociadas na B3. Quando a companhia já é listada, a oferta de ações é subsequente, ou follow on. Há empresas que optam por não negociar ações na bolsa, apenas outros títulos, como notas promissórias ou debêntures. E há ainda casos de companhias que negociam ações, mas que decidem reduzir seu capital, numa situação de troca de controle ou saída da bolsa, e aí ocorre outro tipo de operação, a oferta pública de aquisição de ações, a chamada OPA, para parte das ações ou a totalidade – nesse caso, uma OPA para fechamento de capital.
Qual a diferença de oferta primária e secundária?
Quando a empresa decide se financiar via bolsa lança novas ações, na chamada oferta primária, ou coloca as ações já existentes de algum vendedor na oferta, aqui chamada de secundária. Portanto, toda oferta secundária significa que tem algum sócio saindo da empresa ou vendendo parte de suas ações ao mercado. A oferta, inclusive, pode ser mista, com um tanto de novas ações e outro tanto dos vendedores, que por sua vez têm nome e sobrenome revelados lá na seção específica do prospecto.
Investidor pessoa física pode participar de uma oferta de ações?
São vários os tipos de oferta e nem todas aceitam o investidor pessoa física. Muitas deixam claro no prospecto que a oferta se destina a investidores profissionais ou qualificados – geralmente bancos, gestoras de investimento ou grandes fortunas. Quando é possível a uma pessoa física entrar na operação, o prospecto indica um porcentual para esse público, chamada de “oferta ao varejo”, e o valor de investimento mínimo para entrar.
Como é definido o preço da ação na oferta
Quando a oferta é um IPO, a empresa apresenta uma faixa prevista de preço de ação baseada na avaliação de especialistas, com um valor mínimo e um teto, na esperança de que haja bastante procura, para fechar a operação captando o máximo que puder. Mas pode ser que a oferta não consiga tanto sucesso e o preço fique próximo do piso da faixa indicativa ou até mesmo abaixo desse valor. Se a demanda for tão baixa que não compense o esforço ou caso as condições de mercado tenham piorado muito, aí a empresa pode cancelar a operação e devolver o valor que estava reservado pelos investidores.
Esse período de reserva de ações, em que os bancos coordenadores da oferta coletam as intenções de investimento, é chamado de bookbuilding. Caso a empresa decida prosseguir com a operação ao final do período, ela fecha o livro de ofertas e anuncia ao mercado o aviso de início no qual consta também o preço definido para a ação.
Em caso de follow on, como a empresa já tem ações sendo negociadas na bolsa, o preço da ação na oferta será o da cotação na data marcada para seu início.
Como calcular o potencial da oferta de ações
Além da quantidade básica de ações, a empresa pode prever lotes extras em caso de excesso de demanda, sem a necessidade de requerer novo registro à CVM. Pode ser um lote adicional, em montante que não exceda em 25% a quantidade inicialmente ofertada, ou lote suplementar, que cabe aos bancos coordenadores no serviço de estabilização de preços da ação na oferta, limitado a 15% da oferta básica. Para calcular o valor possível total de uma oferta de ações, multiplica-se o total de papéis, contando com os lotes extras, pelo preço teto da faixa indicativa, no caso de IPO, ou pela cotação do último pregão, se for follow on… leia mais em Investalk 13/09/2023