J.P. Morgan põe Brasil de volta no jogo à espera de ‘troca de regime’
Os analistas do J.P. Morgan devolveram nesta segunda o “overweight” retirado em novembro dos papéis brasileiros – numa troca com o México, que passou para neutro – com a expectativa de que o ciclo de alta da Selic seja mais breve do que o esperado e que o exterior ajude “se os EUA não entrarem em recessão”.
O crescimento da China – que divulgou meta de 5% para o PIB deste ano – deve trazer mais dinheiro para mercados emergentes como o Brasil, segundo o banco, que considera a aproximação das eleições de 2026 um “fator de atratividade”, pois abre “caminho para a possibilidade de mudança de regime”, “embora o risco daqui para lá esteja longe de ser desprezível”.
A equipe de analistas liderada por Emy Shayo não ignora a imposição de tarifas pelo governo americano e seu impacto em “uma ampla gama de países emergentes”.
“Ainda assim, até vermos isso, parece ser um mundo de crescimento mais lento dos EUA e dólar mais fraco, o que abre a possibilidade de maiores cortes do Fed. Se isso ocorrer na ausência de uma recessão nos EUA, deve ser um cenário bastante otimista para os mercados emergentes, e o Brasil é um dos betas mais altos dessa história”, diz o documento.
Na linha do copo “meio cheio”, o banco destaca que o fato de pesquisas de confiança estarem piorando em todos os setores aumenta as chances de o Copom interromper o ciclo de alta de juros em junho, aos 15,25%, “mas com o reconhecimento de que uma pausa anterior pode se materializar” – ou seja, nos 14,25% previstos para a semana que vem.
O J.P. lembra que o PIB do 4º trimestre ficou muito abaixo do esperado enquanto o real se valorizou, “o que suaviza a margem inflacionária e deve reduzir as projeções do BC”.
“Em nossa opinião, isso deve ser um catalisador claro para as ações, pois as perspectivas de cortes nas taxas devem começar a ser consideradas quase imediatamente”, diz o texto.
O banco faz o disclaimer de que a mudança de recomendação é tática e não estrutural, já que “as questões domésticas que nos levaram a rebaixar o Brasil em primeiro lugar (fiscal ruim) estão muito vivas”.
“Continuamos com uma alocação um tanto defensiva em Brasil e México, mas preferimos agora ficar mais expostos a proxies de títulos no Brasil do que aos exportadores. Também gostamos de bancos e serviços públicos estabelecidos”, dizem… leia mais em Pipeline 10/03/2025