Os bancos de investimento estão ativos com mandatos de acionistas estratégicos ou financeiros de companhias abertas e garantem que vem mais negócio pela frente, de controlador e minoritário. “Transações como EDP e Boa Vista não foram as primeiras e nem serão as últimas anunciadas. São só o começo. Tem muito fundo e estratégico avaliando ativo que já conhece, gosta, e que considera barato“, afirma um chefe de IB.

Hoje, a EDP anunciou uma oferta pública de aquisição (OPA) das ações em circulação no mercado para fechar o capital da subsidiária brasileira. Nesse caso, a motivação da companhia, entre outras coisas, é arbitragem de custo de capital. A EDP entende que ficou caro financiar o negócio com dívida e equity no Brasil e, com a subsidiária fechada, pode fazer isso com dinheiro da matriz – acionistas como GIC, Adia e CTG vão financiar a maior parte do fechamento de capital.

A EuroChem, controladora da Fertilizantes Heringer, também vem tentando colocar uma OPA de pé para fechar capital da empresa brasileira na B3, com impasse de preço. A GP Investimentos quer fechar o capital da BR Properties, depois que a companhia vendeu a maior parte dos ativos e ficou pequena para ser uma empresa aberta. Na empresa de medicina diagnóstica Alliar, uma polêmica OPA também poderia resultar em fechamento de capital num extremo de adesão.

Mais OPAs a caminho

Apesar de ter outra estrutura, a transação entre Equifax e Boa VIsta (agora encontrando resistência de alguns acionistas) tem motivação semelhante. A Equifax é acionista da Boa Vista, com quase 10% das ações. No IPO, em setembro de 2020, a ação da Boa Vista saiu a R$ 12,20 e hoje vale R$ 7,53, quase 40% menos – o que fez a minoritária ver uma oportunidade.

A brasileira Arco Platform segue um caminho misto: uma oferta que une dois minoritários (a General Atlantic e Dragoneer) aos controladores (a família Sá) para tirar a empresa da bolsa. Neste caso, da americana Nasdaq.

“Tem mais gente vendo esse tipo de oportunidade, além da movimentação de fusão e aquisição entre empresas abertas, que continua aquecida e também resultará em menos uma listada, se os negócios andarem “, diz o executivo.

Segundo fontes, a venda da Coelce pela Enel tem atraído principalmente players estratégicos e pouco interesse de fundos, o que sinaliza que a companhia também deve ser deslistada. Empresas de varejo, Como Marisa, Riachuelo e C&A também sondaram interessados em seus negócios nos últimos meses, mas sem avanço.

OPAs e M&As entre companhias abertas podem enxugar o número de empresas na bolsa numa temporada em que não há muito espaço para reposição, dada a janela fechada para IPOs.

Nos últimos dois anos, transações importantes aconteceram em companhias abertas, como a fusão entre Localiza e Unidas, Hapvida e Intermédica, Fleury e Pardini, Rede D’Or e SulAmérica, BR Malls e Aliansce. Diretamente para deslistagem, a Getnet fez uma OPA em dezembro pouco mais de um ano após o spin-off do Santander. Por outro lado, há 14 meses não há uma nova listagem na B3 para recompor a prateleira… leia mais em Pipeline 02/03/2023