O Brasil vive um novo boom de fusões e aquisições no setor privado de educação superior. Esse processo durante os últimos anos tem concentrado os alunos da rede particular em um número reduzido de grandes grupos educacionais, com foco cada vez mais forte no EAD (ensino à distância). O ano com mais fusões e aquisições até agora foi 2008, quando empresas da área começavam a abrir o capital: 53 operações. O recorde, que quase foi batido no ano passado (52 transações), deve cair em 2022. Foram 39 fusões e aquisições só no 1º semestre deste ano (ainda não há dados do 2º semestre).

“Provavelmente será o melhor ano em termos de volume de transações”, disse Marcos Boscolo, sócio da auditoria KPMG no Brasil, que compila os números.

Há sinais de que esse movimento deve continuar nos próximos anos, com algumas diferenças. Para Boscolo, a onda atual de fusões e aquisições está cada vez mais relacionada à melhoria de produtividade, e não à incorporação de mais alunos. Ou seja, melhorar a rentabilidade e eficiência dos processos da instituição…….

Mercado de ensino superior tem concentração recorde

GANHOS DE PRODUTIVIDADE

Os operadores do mercado destacam 2 grandes movimentos recentes de investimento e consolidação:

  • compra da Unicesumar – o grupo Vitru adquiriu a universidade no final de 2021 em uma transação avaliada em cerca de R$ 3 bilhões. Com isso, chega hoje a quase 700 mil alunos;
  • investimento na Afya – o grupo alemão Bertelsmann adquiriu em 2022 ações que garantiram o controle da Afya, um dos principais conglomerados de ensino médico do país.

Para Boscolo, da KPMG, o momento, no entanto, não é de grandes fusões. “Neste ano, 79% das transações não eram mais escola comprando aluno. Estão comprando edtechs ou soluções educacionais para criar uma plataforma de atendimento mais ampla para os alunos”.

São chamadas de edtechs algumas empresas de tecnologia com soluções para incrementar a produtividade no processo de ensino (as startups do setor). Ou seja, de acordo com o especialista houve um primeiro movimento de consolidação aumentando o número de alunos. O foco seria, agora, investir em aumentar a eficiência da operação.

Exemplos recentes desse tipo de investimento incluem grandes grupos:

  • Ânima – o grupo investiu R$ 800 milhões em parceria com a Uliving para entrar no mercado de oferta de moradias estudantis e lançou uma joint-venture com a Vivo de capacitação profissional;
  • Cogna – sua empresa Kroton fechou parceria com a operadora TIM para montarem uma empresa de educação por celular;
  • Ser Educacional – comprou a edtech Delinea, produtora de conteúdo acadêmico para ensino superior:

AUMENTO DE CONCENTRAÇÃO

A continuidade do processo de concentração de alunos nos próximos anos não é consenso. Marcos Boscolo afirma que houve um grande endividamento dos grupos durante a pandemia.

“Todos os grandes grupos educacionais pegaram dinheiro emprestado nos bancos para comprar empresas e desenvolver novas tecnologias. Estão com valor muito alto de dívida com os bancos. Para avançar, precisam esperar a economia melhorar e a taxa de juros cair”, afirma.

William Klein vai em outra direção. Ele vislumbra um movimento de pequenas aquisições num espaço de tempo de 2 a 3 anos. Muitos grupos pequenos devem desaparecer, disse. “Mas ao longo dos anos, isso vai formar novas instituições. E as grandes terão interesse em sua própria consolidação”.

O CEO da Hoper afirma que assessora atualmente 3 players internacionais no setor com desejo de entrar no mercado brasileiro, e vê ainda espaço de crescimento. Para ele, quando é bem operado, o setor de Educação continua dando muito lucro… leia mais em Poder 360 24/12/2022