A carta da família Dubrule mirando o controle da Mobly pegou a administração da companhia de surpresa. Foram duas reuniões de conselho em pleno Carnaval – e algumas trocas de telefonemas e emails com investidores.

É uma oferta inviável. Acho que nunca aconteceu na história brasileira uma proposta a 50% do preço de tela e sem um racional para esse valor”, diz Victor Noda, CEO, cofundador e conselheiro da Mobly, ao Pipeline.

“A ação da Mobly nunca foi negociada abaixo de R$ 1,30. O último PL estava na casa R$ 400 milhões, que foi o mesmo valuation da transação com a Tok&Stok”, complementa o CEO.

Como revelou o Pipeline na sexta-feira, os fundadores da Tok&Stok – que se fundiu à Mobly no final do ano passado – querem 85 milhões de ações da Mobly, ao preço de R$ 0,68 por papel. Na sexta, a ação fechou a R$ 1,39.

Num fato relevante divulgado há pouco, a companhia afirma que já recebeu manifestação de acionistas que, juntos, somam que 40% do capital, dizendo que recusariam os termos trazidos na carta. Com um percentual de negativas nesse patamar numa OPA lançada, os Dubrule não chegariam aos 69% que almejam para a posição de controle na Mobly.

O comunicado da Mobly não detalha quem são os fundos, tampouco o CEO abre esses nomes. O Pipeline apurou que esse percentual já apurado não inclui a holding alemã, que é a maior acionista individual, mas um grupo de fundos brasileiros – entre eles, segundo fontes, SPX e Exploritas. Se esse percentual se confirmar, mesmo que os alemães queiram fazer a venda ao preço proposto, seria insuficiente para os fundadores da Tok&Stok atingirem posição de controle.

Portanto, a menos que os termos tenham algum ajuste, a abordagem dos potenciais compradores pode acabar não indo adiante, num edital de fato, avaliam pessoas próximas ao assunto.

No fato relevante, a companhia nota que a carta dos Dubrule diz que pode não chegar a publicar o edital, dado que tem condições precedentes. “É irresponsável porque pode ter impacto direto no preço da ação e sequer há uma oferta lançada, mas uma carta. Isso é preocupante porque traz uma insegurança e uma volatilidade para a ação”, diz Noda.

O conselho de administração se reuniu no sábado, para definir como apresentar a carta ao mercado – foi um comunicado curto. E nesta terça-feira fez um nova reunião para listar suas considerações sobre o conteúdo do documento dos Dubrule.

Para a administração, retirar a poison pill, como pedem os Dubrule, não seria de interesse dos acionistas. E um waiver de declaração de vencimento antecipado não seria de interesse dos bancos, que acabaram de fazer uma renegociação com a empresa.

Segundo o CEO, desde a fusão não houve qualquer interação da família com a companhia, formal ou informalmente. “Eles falam sobre como está a companhia operacionalmente, o que chega a ser leviano, dado que não estão dentro da empresa”, diz Noda. “Eles têm feito esses movimentos de forma até pouco tradicional para recomprar controle de uma empresa que eles venderam e se capitalizaram com isso.”.. leia mais em Pipeline 05/03/2025