Enquanto a Petrobras discute internamente se vai fazer uma oferta para recomprar a Refinaria de Mataripe (Rlam), na Bahia, o Mubadala Capital já abriu conversas com outros potenciais interessados caso a estatal não avance ou coloque um preço baixo.

“Não precisamos vender o ativo e só vamos fazer se tivermos uma boa oferta”, disse Leonardo Yamamoto, diretor executivo do Mubadala no Brasil. Ele participou nesta manhã de evento na capital paulista promovido pelo banco UBS.

O ativo foi vendido pela estatal para a Acelen, que pertence ao Mubadala, em 2021 por US$ 1,8 bilhão. No ano passado, a petrolífera assinou um memorando de entendimentos para negociar a recompra, já fez a due diligence e agora está em processo interno de avaliação para definir a proposta. No começo das conversas, havia uma discussão sobre a Acelen manter 20% de participação na refinaria, mas isso não está definido. “Vejo valor em ter a Petrobras como sócio”, disse Yamamoto.

Segundo o executivo, já foram US$ 500 milhões em capex no ativo, sendo US$ 120 milhões neste ano. O orçamento para 2025 ainda não está definido, mas deve ser maior que o volume deste ano. Apesar da perda de margem no segmento, Yamamoto ainda vê o investimento em refinarias no Brasil interessante no longo prazo em função da baixa capacidade de refino do país, que pode despertar o interesse de players internacionais.

O Mubadala ainda está investindo, através da Acelen, R$ 12 bilhões em projeto de diesel verde e combustível sustentável de aviação, com capacidade de produção de 1 bilhão de litros por ano , usando como matéria-prima o fruto da macaúba, uma palmeira nativa do Brasil. O ativo, segundo Yamamoto, deve entrar em operação em 2027.

Além da Rlam, o Mubadala está em processo para a venda do Porto Sudeste, localizado em Itaguaí, no Rio. O ativo foi adquirido em 2014 junto com a trading de commodities Trafigura, quando compraram o controle acionário do Porto Sudeste da MMX Mineração. Os acionistas contrataram o UBS e o Goldman Sachs para conduzir o processo de venda, que ainda não foi lançado oficialmente a mercado.

O porto movimenta um volume de exportação de 20 a 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, com capacidade para chegar a 50 milhões de toneladas. O projeto, criado em 2016, inclui também duas minas e unidades de processamento, em Minas Gerais. A mina Ipê produz cerca de 3,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, e a Tico-Tico, licenciada há menos de um ano, está recebendo investimento de R$ 1,3 bilhão para expandir a produção a cerca de 9 milhões de toneladas por ano. O ativo pode interessar a players de mineração como a CSN.

O fundo ainda adquiriu neste ano, através da Zamp, as licenças para operação do Starbucks e do Subway no Brasil . A transação com a Starbucks foi concluída há três semanas e a perspectiva e voltar a aumentar o número de lojas no Brasil em 2025. E segue olhando outros investimentos no segmento de alimentação. “Estamos olhando tudo no setor de modo geral”, disse Yamamoto. É também o investidor por trás do projeto de uma nova bolsa de valores no país.

O Mubadala tem cerca de US$ 3 bilhões de investimentos de terceiros no Brasil, somando um total de US$ 6,1 bilhões de ativos sob gestão… leia mais em Pipeline 11/11/2024