Diferentes negociações entre farmacêuticas agitam o mercado e podem movimentar mais de R$ 10 bilhões ainda esse ano. Momento de disparidade entre os câmbios pode criar oportunidades para laboratórios estrangeiros que já operam no país. As informações são do Valor Econômico.

Após adquirir 5% na bolsa e fazer uma oferta hostil por outros 20% da Hypera no ano passado, Carlos Sanchez, dono da EMS, estuda a possibilidades para 2025. No momento da recusa a companhia era avaliada em aproximadamente R$ 4 bilhões.

A francesa Sanofi está tentando viabilizar a venda da Medley, produtora de genéricos e OTCs. Para isso, contratou o banco Lazard para prospectar possíveis interessados. Em dezembro de 2024 EMS, Hypera e Aché lideravam a disputa, seguidas pela Eurofarma.

A União Química também corre por fora, enquanto avalia a possibilidade da entrada de um sócio na companhia. O interesse da farmacêutica na Medley foi confirmado pelo presidente Fernando de Castro.

A negociação mais avançada, no entanto, é a da Cimed, que busca um sócio minoritário. O laboratório, inclusive, contratou o J.P. Morgan para tratar da venda de 10% a 20% da companhia.

Negociações entre farmacêuticas seguem tendência

Um relatório da KPMG registrou 11 fusões e aquisições no setor de saúde durante o terceiro semestre de 2024, número que representa uma queda de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior.

No segmento específico de produtos químicos e farmacêuticos nove transações foram concretizadas, registrando um aumento de 50% em relação a 2023.

Variações financeiras alteram dinâmicas

Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, acredita que fatores como a expectativa de crescimento da taxa Selic dificultam a conclusão de negócios entre companhias brasileiras.

Ainda que os juros não cheguem a 15%, mesmo em 12% ou 13%, dificilmente haverá dinheiro para fazer esse tipo de consolidação”, afirma. “A Medley está à venda por US$ 1 bilhão. Quem hoje no Brasil tem dinheiro em caixa para fazer isso? Quem em sã consciência vai pegar empréstimo para isso, quanto de geração de caixa tem que ser necessário para pagar os juros da dívida?”, conclui o executivo.

Em contraponto, Mussolini aborda a possibilidade da disparidade entre o real e o dólar ou euro facilitar as negociações para uma farmacêutica estrangeira, o que ele classificou como um “negócio de oportunidade”. “Isso não é bom para ninguém, porque desvaloriza as companhias”, opina… saiba mais em Panorama Farmacêutico 14/02/2025