Após um período de grandes aquisições e fusões, o mercado de franquias no Brasil aparenta ter caído. O setor de M&A, como é chamado, teve uma queda de 17%, com aproximadamente 1200 negócios fechados em 2023.

Esse é o primeiro período de baixa no setor após a pandemia, quando, segundo uma pesquisa realizada pela PwC Brasil, foram registrados mais de 1650 casos de compras e fusões de franquias no país.

Segundo o especialista em varejo Erlon Labatut, apesar da queda, o mercado de franquias brasileiro não enfrenta nenhuma crise. “A situação é ótima no momento. Pelos dados do mercado, as pesquisas, podemos observar que estamos nos números pré pandemia.Não há preocupação quanto ao mercado. Esses números são naturais e esperados. Já era visto um crescimento do mercado e, com a pandemia, muita gente teve que se ajustar e organizar, buscando alternativas. Existiu uma demanda reprimida de fusões e aquisições porque muita gente passava por esse momento de desafios e encontrando caminhos”, explica.

As demandas reprimidas são explicadas devido a algumas situações economicamente confortáveis, quando os processos de compra e venda costumam ser mais complexos. Por esse motivo, em períodos de crise, muitas empresas com maior capital tendem a aproveitar para realocar recursos por meio desses processos.

O mercado de franquias no brasil é liderado por empresas do setor de tecnologia, mídia e telecomunicações, com cerca de 45,3% do montante, seguidos pelos setores de consumo (16,9%), indústria de manufatura e automotiva (11,3%), serviços financeiros (8,9%) e energia (8,7%). Os demais setores compreendem cerca de 9% dos contratos fechados.

Para Labatut, o setor de tecnologia é o que mais favorece o investimento de franquias devido às suas particularidades. “Isso acontece por dois aspectos. O primeiro é porque o mercado, como é forte e robusto, tem recursos e precisa investir em tecnologia, desenvolvimento de novas ferramentas e soluções, faz com que exista uma aproximação grande de empresas franqueadoras com as de tecnologia. Aí pode ocorrer as fusões e aquisições, gerando essa movimentação no mercado. O outro aspecto é que elas têm identificado que podem utilizar o sistema de franquia para ter um contato mais próximo e pessoal com os clientes, tendo essa interface no processo”, diz.

Os números também apontam uma mudança de onde o dinheiro está saindo. Em 2017, apenas 59% dos investimentos em compras e fusões aconteciam com capital nacional. Desde a pandemia o número passou de 78,3% em 2020, para 80,1% no ano passado.

O especialista vê com bons olhos os próximos anos do setor no Brasil, e espera que o mercado continue crescendo. “A perspectiva é muito positiva. Vemos uma possibilidade de crescimento muito grande. Quando comparamos o desempenho, performance, de empresas que participam de uma rede de franquias, elas tem muito benefícios quando comparados com outros negócios do mesmo segmento, porque a força da rede gera recursos e visibilidade. Se compararmos com o resto da América do Sul, aqui ainda tem muito o que crescer, apesar do mercado ser muito positivo e desenvolvido. Temos um ecossistema positivo que tem tudo para suportar o crescimento do franchising no país”, finaliza… leia mais em O Tempo 24/06/2024