O negócio bilionário das concessões rodoviárias
Trinta anos depois da primeira batida de martelo em um leilão de concessão rodoviária no Brasil, o da ponte Rio-Niterói, licitada em 1º de junho de 1995, o setor vive um momento histórico: uma série de leilões da União e governos estaduais, além de repactuação de contratos, deverá movimentar mais de R$ 200 bilhões em novos negócios com diversos valores de cheques, atrair novos investidores e consolidar o redesenho do setor, que em três décadas de concessões assistiu à saída de grandes empreiteiras e à ampliação do mercado de capitais como principal fomentador de projetos.
No fim de fevereiro, o governo licitou a BR-364, que interliga Rondônia e Acre. O consórcio foi formado pela empresa 4UM Investimentos (gestora que formou um fundo de investimentos cujos cotistas são as famílias Malucelli, Salazar, Federmann e Backheuser, donas das construtoras J. Malucelli, Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia, respectivamente) e o Opportunity, que fez sua estreia no setor. Em março, um termômetro importante foi a licitação de 2,1 mil quilômetros em seis lotes de rodovias no Mato Grosso. Foram arrematados quatro lotes com 1,3 mil quilômetros – dois não receberam propostas. Os vencedores da licitação foram a CS Infra, a Monte Rodovias, a VF Gomes e um consórcio formado por Zopone e Constral. Nos próximos meses, outros leilões deverão ser realizados, sejam por governos estaduais, sejam pela União, o que pode resultar em mais de 15 licitações e mais de R$ 70 bilhões em investimentos.
“Vê-se um novo arranjo de forças no setor rodoviário com a chegada de players de vários portes diferentes – de construtoras regionais a fundos de investimento e agentes financeiros – com cheques de todos os bolsos, um pipeline histórico de projetos do governo federal e de Estados e muitos investidores financeiros buscando ter parte da dívida, por exemplo, em fundos de investimento de infraestrutura”, diz Daniel Keller, sócio da Una Partners. O interesse poderá atrair novos entrantes. “Há private equity europeu analisando negócios no Brasil e gestora de investimentos que está também olhando oportunidades diante de uma fila de projetos bilionários”, afirma Ewerton Henriques, sócio da SH Consultoria. O interesse estrangeiro, segundo ele, se explica pelo … leia mais em Valor Econômico 14/04/2025