O que podemos esperar para o mercado M&As em 2025?
O Brasil liderou os M&As na América Latina no primeiro semestre de 2024, segundo dados da Aon e da TTR Data. Mas, para entender as tendências que moldarão o próximo ano, é essencial olhar para o contexto dos últimos períodos e como eles impactaram o mercado, visto que muito do que aconteceu no passado, dificilmente irá se repetir nos próximos anos.
Após o impacto inicial da pandemia em 2020, que trouxe incertezas e esfriou o apetite dos investidores, o ano seguinte testemunhou um boom de transações, impulsionado por baixas taxas de juros globais e uma demanda reprimida, além de valuations muito esticados e que não refletiam a realidade das empresas.
Entretanto, o cenário começou a mudar em 2022. As taxas de juros foram retornando a patamares mais elevados e os investidores adotaram uma postura mais criteriosa e racional, algo bem diferente da abundância presente no ano anterior, quando algumas transações chegaram a superar em até dez vezes a receita da empresa adquirida. Em seguida, houve uma queda nos valores e quantidades de M&As.
Os big deals passaram a ser menos comuns e as transações começaram a se concentrar mais no middle market, sendo uma estratégia carregada majoritariamente pelas empresas locais. A estabilização, após cenários tão opostos, veio em 2024. Acredito que o ano se encerra com um ambiente bem mais favorável em comparação com os últimos períodos de inverno para as startups, mesmo com o cenário macroeconômico não tão favorável. Sendo assim, o prognóstico para 2025 é de que há oportunidade para boas empresas, principalmente no middle market.
A verdade é que negócios bons encontrarão compradores, mas os deals não terão valores estratosféricos. E essa tendência mais austera nos valores permanecerá assim pelos próximos anos. Entretanto, a variação da quantidade de zeros nas transações é apenas uma das tendências que marcaram os M&As nos últimos anos. Há outras particularidades que também devem ser levadas em consideração.
A primeira característica destaca como as aquisições brasileiras majoritariamente acontecem por causa do fit entre grandes corporações e startups. Entender esse fenômeno nos ajuda a entender como alguns setores, como o de fintechs, continuaram a ter M&As. Se por um lado as fintechs conseguiriam ameaçar grandes players, a aquisição de soluções financeiras inovadoras oferecidas amplia os ecossistemas e impulsiona a transformação digital de negócios tradicionais. Como resultado, nos últimos anos, o setor somou mais de 190 deals, sendo que 80% das transações são pautadas pelo fit e complementaridade entre os modelos de negócios,
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Por fim, uma coisa é certa, a questão não é “se” o M&A voltará a aquecer, e sim “quando”..Por Otávio Pimentel, sócio e head de M&A na Ace Ventures. leia mais em Startups 03/01/2025