Em um segmento em que a escala vem ganhando cada vez mais relevância, as gestoras de fundos imobiliários buscam consolidação na disputa por um mercado que soma R$ 326 bilhões de ativos sob gestão, sendo R$ 188 bilhões em fundos listados na B3.

O Pátria já absorveu duas gestoras, a VBI e a operação no segmento do Credit Suisse, a Valora comprou a Mogno e a Jive levou fundos imobiliários ao incorporar a Mauá. HSI e RBR têm bancos mandatados para encontrar novos sócios – e firmas como Rio Bravo e Iridium têm conversado com potenciais compradores, apurou o Pipeline.

Agentes do mercado apontam que, para uma gestora de fundos imobiliários ser viável, conseguindo gerar receita para pagar os custos fixos e acessar canais de distribuição, é preciso ter pelo menos entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões sob gestão. Há cerca de 160 gestoras com algum fundo imobiliário listado na B3 e, dessas, 60 se tornam potenciais alvo por possuírem menos de R$ 1 bilhão, segundo recorte da gestora Reag.

O contexto é determinante. Crescer organicamente, via novas emissões, tem sido mais desafiador, diante da perspectiva de taxa Selic em dois dígitos por mais tempo – o que torna mais difícil fazer ofertas, principalmente quando as cotas de fundos na bolsa estão negociando abaixo do valor patrimonial.

Nesse processo de ganhar escala mais rápido, nomes como o Pátria, SPX, Vinci, XP e Kinea, que tem o Itaú como acionista, são tidas como potenciais compradoras, e participaram dos processos recentes de venda de gestoras de fundos imobiliários. Players internacionais, como o árabe Mubadala, também têm ficado de olho.

Com a aquisição da VBI e do Credit Suisse, o Pátria se tornou a maior gestora independente de fundos imobiliários do Brasil, com mais de R$ 22 bilhões de ativos sob gestão, assumindo a terceira posição entre as maiores de FIIs, com um portfólio que conta com 18 fundos listados em bolsa. “A área de real estate é uma vertical importante dentro do processo do Pátria de atingir maior número de clientes e buscar escala”, diz Daniel Sorrentino, sócio e CEO do Pátria Investimentos para as Américas. “Continuamos avaliando gestoras e fundos que façam sentido para nosso portfólio.”

Nas integrações, o Pátria decidiu manter independente a estrutura de equipe de gestão de cada casa adquirida. Rodrigo Abbud e Ken Wainer, sócios da VBI, passaram a ser sócios do Pátria. A manutenção do time de gestão do Credit, comandado por Augusto Martins, foi um dos fatores fundamentais para viabilizar a venda, já que, no caso dos fundos imobiliários, um investidor com mais de 5% das cotas pode pedir convocação de assembleia e propor a troca de gestão.

Em relação à expansão de portfólio, Sorrentino vê os segmentos de fundos de papéis (os que investem em outros portfólios, os Fofs) e os de shopping centers como aqueles que têm mais potencial para ganhar escala. A gestora também tem interesse em olhar fundos de imóveis para o setor de saúde e de logística para o agronegócio… leia mais em Pipeline 26/08/2024