Rede D’Or estuda pôr imóveis como garantia para SulAmérica e transformar seguradora em medicina de grupo
A Rede D’Or está estudando colocar alguns de seus imóveis como ativos garantidores para a SulAmérica. Com isso, a seguradora de saúde libera parte dos R$ 4 bilhões que, atualmente, estão bloqueados como reservas exigidas pelos órgãos reguladores. Além disso, o grupo hospitalar está analisando transformar a seguradora em uma operadora de medicina de grupo, que tem uma tributação menor.
“Estamos estudando todas as possibilidades e nos próximos trimestres deveremos ter mais novidades”, disse Paulo Moll, presidente da Rede D’Or. A companhia realizou, ontem, sua primeira teleconferência de resultados a analistas e investidores em conjunto com a SulAmérica — a fusão dos negócios foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em dezembro.
Uma seguradora, que se enquadra como instituição financeira, paga 40% de IR e Contribuição Social, além de IOF. Já nas medicinas de grupo, a tributação é de 34%, uma vez que é calculada sobre o ISS.
Dos R$ 335 milhões de sinergias já anunciadas na fusão, R$ 140 milhões devem vir de estruturas administrativas e serviços contratados, R$ 71 milhões de compras e materiais e medicamentos e R$ 124 milhões de estruturas físicas, despesas administrativas e outros.
O grupo hospitalar encerrou o ano passado com receita de R$ 23 bilhões, crescimento de 12,8% sobre 2021. O lucro antes de juros impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 8,3% para R$ 5,3 bilhões. O lucro líquido caiu 24,8% para R$ 1,2 bilhão impactado pelo aumento das despesas financeiras.
Na SulAmérica, a receita líquida também subiu na casa dos 12%, para R$ 23,6 bilhões. No entanto, a taxa de sinistralidade disparou e atingiu 92,5% no quarto trimestre. O indicador representa uma alta de 4,1 pontos percentuais sobre um ano antes e 5,3 pontos percentuais quando comparado ao trimestre imediatamente anterior.
“A tônica do setor neste ano é reajuste de preço. Acredito que a sinistralidade neste ano será menor do que a registrada no quarto trimestre”, disse Raquel Giglio, presidente da área de saúde da SulAmérica.
A executiva destacou que os resultados das operadoras estão sendo impactados pelo aumento de fraudes, em especial, envolvendo pedidos de reembolso nas áreas de terapias e diagnóstico. A SulAmérica agora está exigindo que o paciente encaminhe o comprovante de pagamento do procedimento antes de efetuar o reembolso ao segurado.
“As terapias têm sido um vilão. Há também coleta de diagnóstico dentro das clínicas com preços muito acima para pedidos de reembolso. Há ainda a [fraude] clássica, de dividir o valor e pedir vários reembolsos”, disse. Ela lembrou o caso do banco Itaú que demitiu 80 funcionários por fraude em pedidos de reembolso… leia mais em Valor Econômico 28/03/2023