Empresas de tecnologia e startups são frequentemente caracterizadas por sua inovação, desenvolvimento acelerado e capacidade de transformar indústrias inteiras. Essas empresas variam desde pequenas startups de garagem até gigantes da tecnologia como Google e Facebook. Um dos principais desafios que tais empresas enfrentam é a rápida adaptação às mudanças tecnológicas e às demandas de mercado, o que exige uma abordagem ágil e flexível tanto na gestão quanto na conformidade regulatória.

O crescimento acelerado dessas empresas também trouxe à tona a necessidade de regulamentações específicas para garantir que essas empresas operem de maneira ética e sustentável.

O investimento em empresas de tecnologia e startups está se tornando cada vez mais frequente entre as famílias de alta renda, as quais são consideradas como “investidor-anjo”. Dado que, muitas vezes, tais investimentos podem ser considerados de alto risco, é imprescindível que os investidores observem se a empresa está cumprindo as regulamentações societárias aplicáveis bem como se possuem estruturas de governança estruturadas, que são fundamentais para o sucesso.

É de extrema importância que os investidores estejam bem assessorados juridicamente, para que, em conjunto com os advogados, seja definido um adequado plano de investimento que possa mitigar, ao máximo, os riscos do negócio. A partir da análise a ser realizada, será definida a melhor forma jurídica para o cliente investir, seja através de uma Sociedade de Propósito Específico ou por meio de um Instrumento de Mútuo Conversível em Participação, entre tantas outras possibilidades que serão definidas.

Dessa forma, este artigo tem como objetivo examinar as principais regulamentações societárias aplicáveis a empresas de tecnologia e startups em todo o mundo.

A regulação de empresas de tecnologia e startups varia significativamente de acordo com cada país. No Brasil, por exemplo, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no país, impactando diretamente as operações de empresas de tecnologia. As regulamentações visam proteger os consumidores e assegurar que as empresas operem de maneira justa e transparente.

Atualmente, existem várias novas regulamentações e diretrizes que impactam empresas de tecnologia e startups. Em 2024, houve alterações nas regulamentações e algumas das principais mudanças incluem:

(i) Lei de Serviços Digitais da União Europeia (DSA):

Essa lei entrou em vigor para abordar questões relacionadas ao conteúdo online, visando aumentar a responsabilidade das plataformas digitais. A DSA exige que grandes plataformas revelem como seus algoritmos funcionam, combatam conteúdos ilegais e melhorem a transparência em relação à publicidade online.

(ii) Lei de Mercados Digitais da União Europeia (DMA):

Complementando a DSA, a DMA estabelece regras específicas para “gatekeepers” digitais, como grandes empresas de tecnologia, para promover a concorrência justa. A DMA impõe restrições sobre como essas empresas podem operar e interagir com concorrentes menores, garantindo um mercado digital mais equilibrado.

(iii) Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) no Brasil (Lei 13.709/2018):

Emendas recentes à LGPD fortalecem ainda mais os direitos dos consumidores e impõem sanções mais rígidas para o não cumprimento das normas de proteção de dados. Isso inclui a necessidade de consentimento explícito dos usuários para o uso de seus dados pessoais e a obrigatoriedade de notificação em caso de violação de dados.

(iv) Diretrizes do Federal Trade Commission (FTC) dos EUA:

A FTC tem aumentado a fiscalização sobre práticas anticompetitivas e de privacidade das grandes empresas de tecnologia. Isso inclui investigações sobre como essas empresas coletam e utilizam dados dos usuários, e a imposição de multas significativas por violações.

Essas regulamentações têm implicações significativas para a governança e o financiamento de empresas de tecnologia e startups. As empresas precisam se adaptar a essas regras para evitar penalidades e garantir que suas operações estejam em conformidade com as normas locais e internacionais. Isso pode incluir a implementação de novas práticas de transparência, segurança de dados e mecanismos de compliance.

Para startups, essas regulamentações podem representar um desafio, mas também uma oportunidade de se diferenciarem pela conformidade e pela construção de confiança com os consumidores desde o início. Adaptar-se a essas novas regras pode exigir investimentos em tecnologia de compliance e consultoria jurídica, mas é crucial para a sustentabilidade e o crescimento no mercado atual. Autora: Ana Carolina Scafuro – advogada no J Legal Team

Com informações Vera Moreira Comunicação 29/07/2024