A Stone virou um trade de M&A. Depois de o Itaú BBA apontar que uma fusão com o PagBank faria sentido, agora foi a vez de o Bradesco BBI enxergar um outro potencial bom negócio: uma aquisição por parte do BTG Pactual, o que seria a retomada de um namoro que já ocorreu entre as duas empresas em 2022.

“O BTG Pactual é um dos poucos, se não o único grande banco, que ainda não possui um adquirente incorporado”, justificam os analistas do BBI, liderados por Gustavo Schroden. “E a Stone é um grande ativo, no lugar certo e na hora certa.”

Em relatório, os analistas sugerem que a Stone é uma empresa barata e com bons fundamentos. A ação acumula uma queda de 34% no ano, maior desvalorização no período entre os papéis do setor financeiro cobertos pelo banco na América Latina, o que representa desconto relativoj de 54% em comparação ao múltiplo P/L histórico de 16,4 vezes.

O banco lembra que a Stone tem um TPV relevante — com 11% de market share em pagamentos com cartões e 19% de penetração no mercado de micro, pequenos e médios de negócios, com 3,9 milhões de clientes no segmento — e que poderia se beneficiar da expertise do BTG em banking e no crédito, de uma base de depósitos decente e de produtos financeiros que poderiam acelerar a vertical de PMEs.

Do lado do BTG, afirmam os analistas, uma aquisição agora seria uma boa oportunidade de entrar na indústria de pagamentos, aproveitando-se da sólida distribuição que a Stone tem entre PMEs, tudo isso a um valuation atrativo e sem comprometer o seu balanço, dado que o BBI vê o BTG forte o suficiente para emitir ações e financiar a operação. “Uma potencial aquisição da Stone pelo BTG seria benéfica para as duas partes.”

O BBI estima um enterprise value para a Stone de R$ 22,6 bilhões, a um preço-alvo de US$ 16 por ação para 2025 e um caixa líquido de R$ 5,3 bilhões, sem considerar potencial sinergias, o que implica um múltiplo P/E de 10,2 vezes para 2025, e um potencial de alta de 34% ante a cotação do fechamento de ontem. Assumindo uma incorporação total pelo BTG, o BBI projeta que o banco poderia precisar de uma emissão de 267 milhões de units (BPAC11), a R$ 34,61 cada, o equivalente a uma pequena diluição de 7%, mantendo seu Índice de Basileia (CET1) inalterado em 12,2%.

Em uma análise que simula a transação, o BBI estimou sinergias que podem chegar a 5% da receita e das despesas operacionais, com uma queda de 14% a 19% no P/E do BTG para 2025. “No entanto, acreditamos que o P/E justo do BTG não sofreria uma alteração material após a incorporação da Stone, e o múltiplo das ações provavelmente teria que retornar pelo menos ao nível atual do BTG , 9,6 vezes”, afirmam.

O relatório do BBI foi distribuído ao mercado dois meses depois do Itaú BBA sugerir uma fusão entre Stone e PagBank, ao ressaltar que estas são as duas últimas credenciadoras de peso independentes do mercado. O BBA lembrou que o processo de fechamento de capital da Cielo foi um lembrete de que mudanças estruturais estão acontecendo na indústria.

Com isso, os volumes de pagamentos dos cartões não estão crescendo como antes e que os ganhos de participação de mercado são cada vez mais importantes para obter escala. À época, o banco estimou algo entre R$ 10 bilhões e R$ 18 bilhões em sinergia de valor presente líquido (VPL), o que representaria de 25% a 40% do valor de mercado atual combinado… leia mais em Pipeline 12/09/2024