Nos livros de fantasia, o unicórnio é uma figura rara, especial e mítica. No mundo real, são essas três características que inspiraram o mercado de tecnologia a batizar de “unicórnio” as startups que atingem avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão, já que se trata de um marco importante para a trajetória da companhia e, evidentemente, não tão fácil de se encontrar entre as milhares de empresas desse ramo.

Durante algum tempo, não era tão difícil avistar unicórnios no setor de tecnologia. O ano de 2021 registrou um número recorde dessas novas startups bilionárias. No mundo, 529 empresas viraram unicórnios, sendo seis delas no Brasil (MadeiraMadeiraUnicoNuvemshopCloudWalk, CargoX e Olist), segundo dados da consultoria americana CBInsights.

Neste ano, porém, o número global caiu para 238, com apenas duas empresas brasileiras no clube (Neon Dock). Ou seja: baixa de 55% em todo o mundo e de 66% no Brasil.

Especialistas concordam que essa queda não é o fim do mundo. Afinal, os números deste ano ainda estão acima dos patamares pré-pandemia e mostram uma evolução do cenário global de tecnologia (veja gráfico ao lado).

Agentes do mercado tech concordam, porém, que de agora em diante ficará muito mais difícil ser considerado um unicórnio. Isso porque a bonança que se via até dois anos atrás, quando a liquidez do mercado estava em alta e as empresas de tecnologia eram as queridinhas dos investidores, não existe mais. “Esperamos que o ritmo com que startups atingem o status de unicórnio diminua”, afirma ao Estadão o analista de mercado Vincent Harrison, da plataforma americana de dados Pitchbook. “É difícil prever para onde vamos, mas dá para ter uma ideia.”

Há três motivos para que cada vez menos unicórnios apareçam entre as startups, de acordo com Harrison: a alta global dos juros, que diminui o apetite de investidores por risco, como aportes para as startups, empresas de tecnologia dependentes de capital externo; o ambiente macroeconômico incerto, saiba mais em Estadão 18/12/2022