Os investimentos em startups de saúde no Brasil alcançaram US$ 533,2 milhões em 2021. Em 2022, os aportes amargaram uma queda de 61%, fechando o ano com US$ 205,6 milhões, segundo levantamento da plataforma de inovação Distrito. Para 2023, a perspectiva de novas injeções de capital continua em baixa, segundo Eduardo Fuentes, chefe de pesquisa do Distrito.

A retração acontece não apenas no setor de tecnologia da saúde, mas no mercado de inovação como um todo”, analisa. “Possivelmente, voltaremos ao patamar de 2019 e 2020, em que foram registrados investimentos de US$ 69,2 milhões e US$ 118,1 milhões, respectivamente, em healthtechs. Para o especialista, a temporada de escassez de cheques está relacionada à conjuntura atual, que exige readequação dos modelos de negócios entre os empreendedores e das teses de investimento para a maioria dos fundos.

“Acreditamos em uma melhora gradual ao longo dos próximos dois anos, à medida que os juros no Brasil e no mundo mostrem sinais de queda e a incerteza macroeconômica diminua”, afirma. “O mercado de saúde no país ainda tem muito espaço para evoluir.”

Volume de aportes em startups cai
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Na visão de Lívia Brando, diretora de venture capital da gestora Vox Capital, de investimentos de impacto socioambiental, as startups de saúde interessadas em chamar a atenção do mercado investidor devem apostar em soluções que resolvam problemas reais, capazes de impactar milhares de pessoas, mas com recursos que apresentem um diferencial de mercado. “Já existem muitas empresas fazendo mais do mesmo”, diz.

A Vox já investiu em cerca de 50 startups, sendo 40,4% do NAV (sigla em inglês para valor patrimonial líquido) da carteira ligados a negócios de saúde. Tem dois fundos de investimento de capital de risco que podem aplicar em startups em estágio inicial e em empreendimentos que precisam de capital para financiar novas fases de crescimento.

Os tíquetes por empresa variam de caso a caso mas, em média, são de R$ 5 milhões a R$ 7 milhões por startup, no estágio Seed (para validar a ideia de negócio), e entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões na Série A (com modelo de negócio construído, clientes e receita). “Para 2023 e 2024, não temos uma mudança de estratégia frente aos desafios macroeconômicos”, avisa Brando. “Continuaremos a fazer investimentos recorrentes, pois há excelentes oportunidades mesmo em um contexto [econômico] adverso.”… leia mais em Valor Econômico 31/05/2023