A GP Investimentos quer transformar os corretores ligados à sua operação de seguros, a Akad, em um batalhão de insurtechs – uma espécie de agente autônomo de apólices turbinado com uma plataforma tecnológica.

A Akad Seguros é resultado da aquisição, no ano passado, da Argo por R$ 160 milhões. Desde então, dois executivos chave passaram a se dedicar com exclusividade à operação. Danilo Gamboa, executivo da GP há quase 20 anos, assumiu a cadeira de CEO. Marcelo Sales, o cofundador da Movile (dona do iFood) e da Cyberlabs, startup de inteligência artificial com soluções de identificação digital, é o CTO e também acionista da seguradora.

Sales ter deixado a rotina na Cyberlabs, então seu xodó e também investida da GP, é uma amostra do tamanho da aposta em inovação na seguradora. A ambição é transformar mais de 5 mil corretores em pequenas insurtechs.

“É uma indústria que cresce mais de 10% ao ano, mas ainda de baixa penetração, o que significa muito espaço para crescer . Ao mesmo tempo, é muito tradicional, até hoje com pouco impacto da tecnologia”, avalia Gamboa. “É uma grande oportunidade.”

A estratégia da GP para transformar corretores em insurtechs

O grupo optou por uma aquisição para acelerar a entrada no mercado, já tendo uma base de corretores plugados e clientes em que novos sistemas de contratação, procedimento de sinistros e mesmo lançamento de apólices pudesse ser testado e implementado. Após as aprovações regulatórias, passaram efetivamente ao comando do negócio em fevereiro.

“É um mercado onde o ciclo de aprendizado é longo. Você sabe se errou na apólice daqui a três anos e a gente queria já entrar com tração”, diz o CEO.

Para Sales, o maior ativo foi ter acesso a dados de 10 anos de operação da Argo para analisar e projetar. “A tese que a gente tinha era que, se aplicássemos inteligência em cima de dados reais de brasileiros, chegaríamos a uma forma mais eficiente do que era feito pelo mercado em todo o processo de venda, análise de segursos e fraudes”, diz o CTO.

Um terço da equipe da Akad está em tecnologia, um grupo de 60 pessoas que inclui especialistas em IA. Um dos resultados, afirmam, já foi a redução em quase 90% do tempo médio para contratação de um seguro – nas apólices de proteção executiva, por exemplo, o D&O, chegava a levar dois meses e hoje é questão de dias de forma digital.

“Isso que permitiu chegarmos agora no nosso projeto de modernizar a base dos corretores também. É uma comunidade de 120 mil profissionais no país, que de maneira individual não tem condição de investir em tecnologia”, diz Gamboa. “Então estamos fazendo isso para eles. A gente investe e entrega.”

Vai desde o treinamento de venda digital ao pós venda, no processo de ocorrência de sinistro, e passando pela montagem do site e aplicativo que aparece a marca de cada um. A infraestrutura começa com os 5 mil corretores ativos na base da Akad. Em mais um ano, a seguradora quer dobrar a base.

“A gente entrega o portal customizado com a identidade visual dele e o sistema de IA em que cada cliente que for comprar seguro vai ter um preço específico para ele e com emissão da apólice em tempo real”, diz Sales. “Tira fricção e morosidade e deixa o corretor livre para prestar serviço”.

Numa pesquisa interna, a Akad identificou que 90% dos corretores trabalham com o seguro de automóveis – o mais comum no país – e 96% deles utilizam o WhatsApp como meio de contato, mas o cliente e o corretor precisam trocar formulários, como no formato tradicional.

A companhia, que já está entre as maiores em segmentos como responsabilidade civil profissional, tem usado análise de dados históricos e cruzado com a demanda atual dos clientes para formatar produtos. Uma frente de expansão são seguros para pequenas e médias empresas – como um restaurante que precisa de um seguro contra incêndio ou dano elétrico mas não quer incluir o risco de vendaval para reduzir o custo e viabilizar a proteção…. leia mais em Pipeline 16/12/2022