Com Novo Atacarejo, Mateus defende mercado no Nordeste e mira outro IPO
Numa transação que começou a ser desenhada em maio e foi assinada há quatro dias, o Grupo Mateus vai se tornar o acionista controlador do Novo Atacarejo, também com atuação no Nordeste. A transação ajuda o Mateus a proteger sua liderança regional e abre a possibilidade de uma nova listagem em bolsa da controlada – quando houver mercado para isso.
O Mateus vai segregar suas lojas e centros de distribuição nos estados da Paraíba, Alagoas e Pernambuco, que serão transferidas à nova empresa. A operação, no entanto, está focada no varejo alimentar e não inclui os negócios de eletrodomésticos do Mateus nesses três estados, que seguem sob a mesma marca.
O Mateus vai fazer ainda um aporte no caixa de R$ 379 milhões na nova companhia, em três parcelas anuais – a primeira delas após a aprovação do Cade. A “nova” empresa terá 59 lojas e um faturamento da ordem de R$ 10,5 bilhões.
Os sócios fundadores do Novo Atacarejo ficarão com 49% da rede. A família Assis tinha sido proprietária da rede mineira Bretas, vendida à chilena Cencosud em 2011, por R$ 1,35 bilhão. Oito anos depois, o Novo Atacarejo abriu a primeira loja em Carpina, no interior pernambucano.
Em 12 meses, a varejista teve faturamento de R$ 5,6 bilhões, com 34 lojas – 32 em Pernambuco e duas na Paraíba, onde também tem um centro de distribuição.
Já as lojas Mateus e Mix Mateus nos três estados que compõem o acordo faturaram R$ 4,9 bilhões em 12 meses, com 25 lojas em operação e quatro centros de distribuição.
Daniel Costa, um dos sócios-fundadores e atual presidente do Novo Atacarejo, vai seguir no comando da rede. O Mateus vai indicar um diretor financeiro.
Os dois grupos terão um acordo de acionistas e vão dividir assentos no conselho de administração, com maioria – inclusive a cadeira de chairman – com o grupo Mateus.
Itaú BBA e Pinheiro Guimarães assessoram o grupo Mateus na transação, e os sócios do Novo Atacarejo tiveram assessoria da butique financeira mineira Araújo Fontes e do escritório Machado Meyer.
Segundo fonte próxima à operação, um IPO do Novo Atacarejo não está nos planos de curtíssimo prazo – até pelos múltiplos comprimidos na bolsa brasileira -, mas não é descartado como opção futura para o negócio. “Seria uma fonte adicional de capital para crescimento e ajudaria a destravar valor no Mateus”, disse.
Para os analistas do banco BTG Pactual, ainda que a forte concorrência em varejo e a pressão sobre as margens não tornem o comércio alimentar uma opção óbvia de investimento, as ações do Mateus estão baratas ao atual múltiplo de 9 vezes o lucro projetado para 2025 e a companhia se beneficia de ter baixa alavancagem – mantendo a indicação de compra para o papel… saiba mais em Pipeline Negócios 23/12/2024