O empreendedor Sérgio Rocha, cofundador e CEO da Agrotools, tem orgulho de dizer que fundou uma empresa “meio estranha”, quando comparada a outras startups do ecossistema brasileiro de inovação. Fala que “bordou com tranquilidade” um time de talentos de diferentes gerações e usa as palavras “paciência” e “resiliência” na hora de descrever a trajetória da agtech. Só que, depois de tanta calma, chegou a hora de pisar no acelerador. Em 2021, a startup dobrou seu faturamento, alcançando uma receita de R$ 130 milhões. Neste ano, prepara-se para acelerar a internacionalização, buscar eventuais M&As (fusões e aquisições) e ampliar seu olhar para pequenas e médias empresas. Com tudo isso na mesa, Rocha espera que a empresa cresça 100% novamente e se torne o primeiro unicórnio brasileiro do agronegócio. “Se a gente não for, ninguém mais vai ser”, arrisca.

No ano passado, a Agrotools foi selecionada para a lista final das 100 Startups to Watch, que reconhece as empresas mais quentes do ecossistema brasileiro de inovação — as inscrições para a edição 2022 estão abertas e é possível conferir todos os detalhes aqui. Segundo Rocha, depois de ser selecionada e premiada no STW 2021, a startup passou a ser mais procurada por investidores nacionais e internacionais. “Também tivemos ótimas oportunidades de fechar negócios com outras empresas”, conta o empreendedor.

Responsável pelo desenvolvimento de uma plataforma digital voltada para o agronegócio corporativo, a solução da Agrotools permite que seus clientes façam análises de gestão de risco, concessão de financiamento, seguro rural e compra de matéria-prima — há um marketplace para a venda de produtos para o varejo. Hoje, a startup atende desde grandes empresas e cooperativas até pequenos e médios negócios do agro. Atualmente, tem mais de 4,5 milhões de territórios rurais em sua plataforma e conta com R$ 50 bilhões em sua carteira de financiamento.

Entre os clientes da companhia, que já são mais de 200, estão gigantes como XP Investimentos, Cargill, McDonald’s, Nestlé e Itaú. Com essa base de clientes, a Agrotools já está presente nos Estados Unidos, na Austrália, no Paraguai e na Argentina. “Nossa internacionalização se deu por conta dos clientes globais que atendemos. Agora, queremos fazer isso de forma mais ativa”, conta Rocha. De acordo com o empreendedor, as principais oportunidades da Agrotools fora do Brasil estão nos Estados Unidos e na Europa.

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Agrotools se prepara para ser o primeiro unicórnio

Outro fator que ajudou o negócio a mudar de patamar em 2021, afirma Rocha, foi o lançamento de soluções voltadas para as PMEs do agronegócio. No ano passado, a startup tirou do papel seu marketplace, que oferece produtos que vão desde insumos do dia a dia do campo até um modelo de SaaS (software as a service), com APIs que permitem às agtechs se tornarem agfintechs. “Transformamos aquilo que a gente faz bem em um produto que pode se adaptar a qualquer tamanho de empresa”, conta o CEO.

Foram três anos de desenvolvimento até colocar a novidade do ar. Hoje, dezenas de clientes, com compras de tíquete médio menor, estão aderindo ao marketplace. “Já estamos testando uma versão voltada para o público latino-americano, que tem demonstrado uma adesão ainda mais rápida à solução”, diz Rocha. Neste ano, a ideia é ampliar ainda mais o portfólio do marketplace, adicionando soluções relacionadas a clima e regulação, por exemplo. “Queremos nos transformar em uma plataforma one-stop-shop do agro.”

A estratégia se integra a outro braço de expansão da Agrotools: investimentos, fusões e aquisições. Segundo o empreendedor, um dos objetivos é trazer para o marketplace parceiras com soluções complementares às da Agrotools. “Negócios nos quais eventualmente podemos até investir, impulsionando esses empreendedores como nós fomos impulsionados um dia. Definitivamente, estamos olhando para algumas oportunidades no mercado.”

O último aporte da Agrotools chegou no primeiro semestre de 2020, e Rocha diz que é hora de buscar mais capital para o negócio. “Estamos abertos, mas sempre muito cuidadosos. Temos um conselho parrudo que não nos deixa trabalhar de forma diferente, mas sabemos que o mercado está propício para levantar capital.”… leia mais em PEGN 24/03/2022