Em um cenário em que muitas empresas ainda tentam se recuperar dos efeitos da pandemia — especialmente aquelas ligadas à construção e infraestrutura, setores bastante castigados no período — a Mills (MILS3) chamou a atenção do mercado com uma aquisição que vai mudar a cara da companhia.

No mês passado, a empresa de serviços especializados em engenharia anunciou um investimento de quase R$ 360 milhões para entrar no mercado de locação de retroescavadeiras, tratores e motoniveladoras — chamado de Linha Amarela.

Boa parte da capacidade de assinar um cheque desse tamanho é atribuída ao dever de casa bem feito: durante a pandemia, a empresa comandada por Sérgio Kariya renegociou contratos com clientes, fez duas emissões de debêntures, revisou suas dívidas e cortou custos.

Isso garantiu a tranquilidade necessária para um passo importante: entrar em um novo segmento neste ano. Trata-se de um negócio que promete receitas mais estáveis e potencial de crescimento para a Mills, que chegou à bolsa em 2010, vendeu uma subsidiária para um fundo de private equity em 2013 — assim surgiu a Priner, que hoje também é listada na B3 — e hoje possui mais de 30% de participação em seu setor.

Os planos do CEO da Mills (MILS3) após a aquisição

Kariya viu que era hora de deixar sua oferta ainda mais completa. Sua grande opção é funcionar como um “one stop shop”. Ou seja, agora os mais de 8 mil clientes da Mills podem encontrar soluções completas sem precisar de outros fornecedores na hora de buscar plataformas, máquinas de Linha Amarela ou os serviços necessários para esses equipamentos.

O mercado reconheceu a estratégia da companhia, que agora passa a atuar em um segmento que fatura até R$ 25 bilhões por ano. As ações da Mills acumulam alta de 56,95% em 2022, contra 7,65% do Ibovespa.

Sempre tivemos esse desejo de ser ‘one stop shop’. Adiamos essa estratégia durante vários anos por conta da crise econômica e outras coisas que fomos vivendo, mas quando olhamos recentemente estávamos preparados e tínhamos competências para conseguir vencer”, conta o CEO Sérgio Kariya em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro.

Leia abaixo os principais pontos da entrevista:

– Como o cenário macroeconômico impacta a Mills e como você definiria o atual momento da empresa?

Houve uma série de mudanças, nós revisitamos bastante o nosso planejamento estratégico após a fusão com a Solaris [que também atua na locação de equipamentos]. Essa foi uma fusão bastante transformacional para a companhia. Vislumbramos não apenas voltar a crescer, mas também esse olhar para o inorgânico ao fazer aquisições para consolidação em mercados que a gente vê oportunidades. Além disso, tivemos uma série de fusões e aquisições que fizemos, foram cinco no total ao longo dos últimos 14 meses, que totalizaram R$ 200 milhões em Capex [investimentos].

….

– Vocês estão olhando mais fusões e aquisições?

Hoje temos um time muito dedicado a olhar essas possibilidades. No dia a dia, sempre conhecemos outras empresas e avaliamos o que elas agregariam estrategicamente, a gente não compra por comprar. E sem dúvida alguma é uma via de alocação de capital importante para a companhia. Temos coisas no radar e estamos focados para que isso continue acontecendo leia mais em Seu Dinheiro 30/08/3033