A fintech JusInvest acaba de levantar R$ 100 milhões em seu primeiro FIDC, que será aplicado na compra de ações judiciais. Os investidores, ligados à Delmont Capital, alocarão o capital ao longo desse ano e a fintech tem o plano ambicioso de chegar a R$ 1 bilhão em valor de face nessa carteira em três anos.

É o primeiro veículo nesse formato, mas a JusInvest já tem track record. Fundada em 2019, a empresa já comprou mais de 300 processos até hoje. O fundador Rodrigo Martins, sócio do escritório CMartins, tem uma experiência de mais de quase três décadas em contencioso, o que o ajuda a navegar por um mercado bastante regulado.

O Brasil tem uma quantidade enorme de processos judicias, que não para de crescer. São 80 a 90 milhões de novas ações por ano que, se estimarmos num tíquete médio de R$ 100 mil, é uma cifra altíssima”, diz Martins.

Cada ação leva em média seis anos e meio até a execução, segundo os dados da CNJ, e a venda com deságio encurta esse caminho para quem entrou com a ação. A JusInvest nasceu da experiência dos sócios em outra companhia, dedicada à intermediação de acordos, em uma sociedade entre Martins e Carlos Eduardo Teixeira, o ex-Itaú Unibanco que entra com a experiência em crédito.

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“Há fintechs comprando precatórios e fundos financiando arbitragens, mas nosso foco são processos de créditos privados em que as companhias têm um histórico de serem boas pagadoras de dívidas judiciais”, diz Martins. São créditos contra bancos, seguradoras, companhias de telecomunicações.

Para encontrar essas companhias e traçar esse histórico, a JusInvest automatizou a captura de dados e o monitorando dos tribunais de justiça em quase todos os estados do país – são 100 mil a 150 mil publicações por dia passando nesses filtros. “Aplicamos inteligência artificial nessa mineração de dados, que vai sendo aprimorada à medida que os volumes analisados aumentam”, diz o sócio.

Para comprar os 300 processos em dois anos, a companhia avaliou mais de 3 milhões de ações – os títulos já performados garantiram rentabilidade de 44% ao ano, garante o executivo. Até agora, isso vinha sendo feito com capital proprietário e de investidores próximos da casa. “A gente é um açougue de crédito judicial. O investidor diz que quer uma ação de R$ 1 milhão, a gente vai lá na carteira e origina isso. Outro quer R$ 200 mil, a gente consegue originar também”, diz.

Para o FIDC, dado o volume financeiro, a fintech vai mirar valor de causa a partir de R$ 100 mil. O deságio dependente do crédito e da etapa do processo, se vai levar 2 ou 16 meses para a execução, em que comarca está – no Ceará o prazo médio é mais longo que em São Paulo -, definindo desconto de 18% ou 50% sobre o valor de face, por exemplo… saiba mais em Valor Econômico 08/04/2022