Quando o canadense Darryl Green chegou a um acordo com a Mastercard para vender a Ethoca, uma startup de combate à fraudes no ecommerce que já atuava em 40 país, logo cumpriu o combinado com a esposa brasileira. De mala e cuia, mudou-se para São Paulo.

Com o capital levantado na venda, Green se tornou um investidor de venture capital. Uma das primeiras escolhidas — a Mutual, uma fintech de crédito ao consumidor —, o reconectou às tecnologias antifraude. Na Mutual, Green conheceu Leonardo Rebitte, empreendedor que estava batendo cabeça para achar uma forma de verificar a identidade digital dos clientes sem apelar para um produto muito caro ou ineficiente. Sem alternativas viáveis, o brasileiro decidiu criar a própria solução dentro de casa.

A ferramenta começou a ser usada por uma miríade de fintechs e originou a Combate à Fraude (CAF), uma startup de identidade digital que acaba de levantar R$ 80 milhões numa rodada série A liderada por Green e os fundadores da Ehoca (André Edelbrock e Trevor Clarke). O canadense não ficou apenas no investimento. A convite de Rebitte, também como CEO

Além da know-how de Green, o que facilitou a contratação de antigos colaboradores que já o conheciam dos tempos de Ethoca, a presença do canadense ajudou a atrair uma lista de investidores conhecidos, incluindo Kevin Efrusy, James Peck (CEO da NielsenIQ) e Andrew Prozes, ex-presidente da firma de dados jurídicos LexisNexis.

A unico não está sozinha. CAF levanta R$ 80 milhões

“Se eu tenho uma pessoa mais preparada que eu para ser o CEO, faz todo o sentido trazê-lo”, disse o fundador da CAF. Ao Pipeline, Green disse que Rebitte é um dos melhores com quem já trabalhou na área comercial, com uma atenção incomum no relacionamento com os clientes. “Nosso trabalho agora é escalar globalmente”, disse o CEO.

Sediada em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, a CAF ainda está concentrada no Brasil — onde atende clientes como Magazine Luiza, Nomad, Cora, iFood, Linker (banco digital vendido à Omie) —, mas já dá os primeiros passos no exterior, começando por Reino Unido, México, Canadá e Estados Unidos.

A tecnologia desenvolvida pela CAF ajuda as fintechs e verificar a identidade dos clientes na criação de uma conta — é o motor da startup que está por trás daquelas telas que pedem selfie, vídeos e fotos do RG. Rebitte argumenta que a solução de sua startup é muito mais flexível que as concorrentes, oferecendo um nível de customização sem paralelo.

Mas a CAF não está em um mercado pouco concorrido. Líder, a unico é uma das startups mais endinheiradas e, recentemente, captou US$ 100 milhões em uma rodada que avaliou o unicórnio em US$ 2,6 bilhões. Outra concorrente é a Idwall, uma investida de fundos como Monashees, GGV, Qualcomm e ONEVC.

Num momento de layoffs e dificuldade de acesso a capital no ambiente de startups, a CAF vai na contramão. Com os capital levantado, a startup vai contratar mais 100 pessoas, levando o time para mais de 350. … leia mais em Pipeline 21/07/2022