Com a Selic nas alturas, a poupança é cada vez menos atrativa e os saques da caderneta, mais intensos. Enquanto o funding barato dos bancos para o financiamento imobiliário fica escasso, um executivo que fez carreira em incorporadoras como PDG e Gafisa viu uma oportunidade.

Chefe de vendas da Gafisa até 2020 e cofundador da PDG — de onde saiu em 2012 para ser sócio da gestora Crescera —, Cauê Cardoso começou a estruturar a fintech Volpi há quase dois anos com uma tese: usar o mercado de capitais no financiamento imobiliário.

Se a proposta parecia um tanto inviável quando a Selic estava nas mínimas, quando o cenário mudou radicalmente a Volpi começou a atrair investidores. A RBR Asset, uma gestora com mais de R$ 7,5 bilhões aplicados em veículos imobiliários e de infraestrutura, acaba de fechar um acordo com a Volpi para prover até R$ 150 milhões em funding para as operações da fintech.

“O Cauê tem experiência no mercado imobiliário e sabe falar a língua do incorporador, mas o timing é tudo. Há dois anos, a gente não teria topado montar essa estrutura”, admite Guilherme Antunes, gestor de crédito imobiliário da RBR.

A Volpi quer substituir os bancos

Para concorrer com os bancos, a Volpi investiu em tecnologia para construir uma plataforma mais amigável aos clientes e menos burocrática, saindo da rotina estafante de contratos que voltam aos gerentes para serem refeitos por problemas variados.

“Vi um espaço grande para colocar uma solução digital”, diz Cardoso. No modelo da Volpi, já teve cliente que fechou a compra de um apartamento novo em um stand de uma incorporadora no fim de semana e, em apenas quatro dias, já estava com o contrato assinado.

A plataforma da fintech foi construída com um time que inclui Rondy Sousa, um engenheiro de software que já passou por empresas como Nubank, e Natalia Teixeira (ex-BR Malls) como chefe de marketing.

Sandor Caetano, chefe de dados do iFood, é um mentor, investidor e membro do conselho da Volpi. Para tocar a operação, a Volpi fez uma rodada de equity (de valor não revelado) com anjos que também incluem Edison Ticle (Minerva), Pedro Donati (ex-Falconi) e Flávia Goulart (diretora de comunidade do Facebook).

Com os recursos garantidos pela RBR, a Volpi quer liberar R$ 15 milhões por mês em novos financiamentos imobiliários, usando todo o funding da gestora em um ano. Para chegar aos clientes, a startup se aproximou das incorporadoras, firmando parcerias com firmas como Cyrela, Vitacon, Even e Melnick, entre outras.

Diante do esgotamento dos recursos da poupança, o fundador da Volpi garante que conseguiu uma oferta de crédito competitivo. O custo total dos financiamentos concedidos pela startup estão em 14,01% ao ano, enquanto nos grandes bancos saem por 13,88%, segundo dados compilados pela própria companhia.

Para os investidores da RBR, a parceria com a Volpi — a gestora também já fez parcerias com outras startups do ramo imobiliário, como Tabas e Yuca — é uma forma de alcançar os clientes que financiam apartamentos novos. O funding da RBR virá de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) comprados pelos fundos imobiliários da gestora… leia mais em Pipeline 30/09/2022