Empresário estaria negociando sua saída do Grupo Pão de Açúcar por US$ 7 bilhões, dinheiro suficiente para realizar o sonho de se tornar sócio da rede francesa

 Os US$ 7 bilhões que Abílio Diniz estaria pedindo para deixar o Grupo Pão de Açúcar representam praticamente metade do valor real da empresa, estimado em US$ 14,6 bilhões pela Consultoria Economática.Oempresário pode ter chegado a este valor considerando sua participação na Wilkes, holding que controla o Grupo Pão de Açúcar, que é de 50%. Oficialmente, Diniz passou o controle da empresa para seu sócio francês, o Casino, em assembleia realizada no dia 22 do mês passado, conforme previsto no acordo de acionistas assinado em 2006. No entanto, falta definir como será feito este processo de transferência das ações.

 Um das possibilidades é vender 2,4% do capital social daWilkes com direito a voto ao Casino. Se Diniz não exercer o direito de venda, o grupo francês poderá comprar do empresário uma ação ordinária da Wilkes por R$ 1. Neste caso, o Casino passará a ser titular de 50% mais 1 ação do capital social da empresa. Tudo deve ser concluído até 21 de agosto.

 Diniz voltou a ser notícia esta semana após a publicação de uma nota no jornal O Estado de S. Paulo que dá praticamente como certa a compra de uma parte da operação global do Carrefour com os US$ 7 bilhões obtidos com sua saída do Pão de Açúcar. Vale lembrar que foi justamente a tentativa feita pelo empresário de unir a empresa fundada por seu pai ao Carrefour, no ano passado, que provocou a série de desentendimentos com o sócio Casino. Procurado pela reportagem, o empresário preferiu não se manifestar.

 Quem acompanhou a despedida do empresário do controle do Pão de Açúcar, na assembleia realizada em junho, sabe que ele fez suspense sobre os próximos passos.

 Mas será que o empresário conseguiria levantar US$ 7 bilhões com a venda de sua parte na rede de supermercados? Se for levado em conta sua participação direta no Grupo Pão de Açúcar, Diniz possui 21,3% entre ações ordinárias e preferenciais. E este percentual representa sobre o valor real da empresa US$ 3,1 bilhões. Portanto, menos da metade do que ele estaria solicitando.

 Considerando o valor de mercado do grupo, que é de US$ 9,8 bilhões, sua participação seria menor ainda: US$ 2,1 bilhões. Como explica o advogado Márcio Cats, especializado em direito societário, uma empresa pode ser avaliada de diversas formas. “Existe o valor de face, o patrimonial e o de mercado. O valor real, por sua vez, é uma mistura de fatores, entre eles, o patrimonial e o de mercado”, diz. E não é somente a capacidade de Diniz em levantar este montante que gera dúvidas. O acordo de acionistas não permite que Diniz deixe a empresa para se tornar um concorrente. Por Cintia Esteves
Fonte: Brasil Econômico 12/07/2012