Tem sido difícil encontrar uma estratégia perdedora nos mercados de ações nos Estados Unidos. O “growth investing”, método baseado em crescimento, é um vencedor. O “value investing”, baseado em valor, também é vencedor. Até a renda fixa está tendo um bom ano. Mas há um grupo que não acompanhou o desempenho recorde do mercado americano neste ano: os unicórnios do segmento de fintechs.

É surpreendente, porque o setor parece efervescente. Seja em função do blockchain ou do mobile banking, todo mundo quer ter um pedaço de uma fintech. As startups do setor levantaram quase US$ 9 bilhões no terceiro trimestre de 2019, um valor recorde, segundo dados da empresa de pesquisa CB Insights.

Porém, poucas dessas empresas chegaram aos mercados acionários e as que estão lá tiveram uma recepção mista por parte dos investidores.

Quando elas entram nos mercados acionários, há mais diferenciação entre o que é uma empresa de tecnologia e o que é uma empresa financeira, diz Frederick Cannon, diretor global de pesquisa da KBW.

Essa diferenciação tem sido forte entre as fintechs que se tornaram unicórnios, ou empresas com valor de mercado de US$ 1 bilhão ou mais.

Sete dessas empresas chegaram às bolsas desde 2014. As ações de cinco delas – LendingClub, On Deck Capital, GreenSky, Virtu Financial e Zuora – acumulam queda neste ano. Mais do que isso: algumas vêm caindo desde seus respectivos lançamentos, com baixa acumulada de 28% para Zuora e 85% para On Deck desde seus primeiros negócios.

Essencialmente, são empresas mais financeiras do que tecnológicas. Os investidores separam as que são basicamente empresas de serviços financeiros – que precisam de capital para operar – daquelas que dependem apenas de um modelo de serviços, como a Square, explica Cannon.

É o caso da LendingClub. A empresa tinha um valor de mercado de US$ 3,8 bilhões antes da oferta inicial pública de ações (IPO, na sigla em inglês) de 2014, de acordo com a CB Insights. Após a oferta, esse valor subiu para US$ 5,4 bilhões.

Mas a empresa tem sido afetada por tecnologias que não funcionaram conforme o esperado, práticas questionáveis de empréstimos – que resultaram na renúncia do fundador Renaud Laplanche como executivo-chefe – e dificuldades para encontrar novos clientes.

A LendingClub estreou na bolsa em 11 de dezembro de 2014, com a ação cotada a US$ 24,78. Atingiu um pico de US$ 128,70 em 26 de dezembro daquele ano e vem caindo desde então. Em 2016, havia caído para cerca de US$ 17, e vem oscilando mais ou menos nesse patamar desde então. Atualmente, é negociada a cerca de US$ 13,15.

No fim das contas, a LendingClub era mais uma intermediária financeira que tinha todas as características de outros players tradicionais. Se você precisa operar com base no seu balanço, precisa de capital; é difícil crescer tão rápido, diz Cannon.

Para ilustrar ainda mais esse ponto, os dois unicórnios do segmento de fintechs monitorados pela CB Insights que têm obtido bons resultados são ambas empresas de serviços, e não financeiras. As ações da Square, de Jack Dorsey, subiram mais de 450% desde sua estreia, em 2015. Os papéis da Avalara, que vende softwares de conformidade tributária, ganharam 66% desde seu IPO, em 2018.

Para investidores que não são especialistas em tecnologia, a maneira mais fácil de apostar em fintechs pode ser por meio de ETFs, os fundos negociados em bolsa. O ETFMG Prime Mobile Payments, por exemplo – que investe em empresas como Global Payments, Fiserv e Mastercard – subiu 99% desde que estreou, em 2015.

Isso é muito mais fácil do que tentar caçar um unicórnio… Leia mais em valoreconomico 17/12/2019