A oferta dará fôlego à sua situação financeira da empresa, fragilizada há vários anos A Alphaville Urbanismo, que atua no segmento de loteamentos urbanos fechados, protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um prospecto preliminar para a realização de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

A operação será inicialmente primária, ou seja, com os recursos indo para o caixa da empresa. Há também a possibilidade de uma tranche secundária, sendo que neste caso o acionista vendedor é o Private Equity AE Investimentos e Participações. Isso ocorrerá se forem exercidos os lotes adicional (de até 20% do total de ações inicialmente ofertadas) e suplementar (até 15% do total).

Ainda não há informações sobre eventual data ou faixa indicativa de preço para as ações a serem ofertadas.

A companhia tem 100% de seu capital detido por fundos geridos pelo Pátria Investimentos. Em outubro do ano passado, a Gafisa vendeu sua fatia de 21,2% na Alphaville ao Pátria por R$ 100 milhões. Antes disso, em abril, a gestora americana Blackstone também tinha deixado o negócio, entregando sua participação na Alphaville para o Pátria.

A Alphaville afirma que já lançou mais de 130 empreendimentos e tem 120 projetos em desenvolvimento, além de um landbank cujo potencial de venda é estimado em aproximadamente R$ 17 bilhões.

Segundo o prospecto, a companhia utilizará parte dos recursos oriundos da oferta para pagamento das suas principais dívidas com seus atuais credores, incluindo o grupo Bradesco. O maior credor da companhia é o Bradesco BBI, que também é o coordenador-líder do IPO, junto com BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos. A companhia deve ao banco R$ 628,7 milhões referentes a uma emissão de debêntures de R$ 800 milhões feita em 2013.

A empresa também aponta investimentos em capital de giro para construção de casas, aumento na participação de novos lançamentos, aquisição de terrenos e despesas com vendas como destinos dos recursos que planeja captar na oferta.

Pátria poderá vender ações no IPO

O IPO dará fôlego à sua situação financeira da Alphaville Urbanismo, fragilizada há vários anos. Dependendo da demanda, porém, a gestora de recursos Pátria — único acionista da companhia — poderá vender parte de suas ações.

Até o início da operação o Pátria poderá aumentá-la em até 20% colocando à venda ações que estão em suas mãos. O acionista poderá ainda se desfazer de seus papéis no lote suplementar.

No ano passado, fundos do Pátria ficaram com a totalidade do capital da Alphaville, assumindo a posição detida pela Blackstone. Na ocasião, a gestora americana saiu sem receber nada, mas o acordo prevê que ela leve 10% do que o Pátria arrecadar em qualquer evento de liquidez.

A Alphaville Urbanismo teve prejuízo líquido consolidado de R$ 773,624 milhões no ano passado, para uma receita de R$ 164,200 milhões. A conta de prejuízos acumulados somava R$ 2,170 bilhões no fim de dezembro.. Valor Econômico  Álvaro Campos e Talita Moreira Leia mais em yahoo 03/03/2020