O futuro do setor de bioenergia brasileiro é bastante promissor. Além da maior demanda potencial de etanol no Brasil, o biocombustível da cana também está no centro dos interesses externos pela busca de fontes mais limpas, renováveis e competitivas.

Só para o mercado interno há um potencial de consumo de até 60 bilhões de litros de etanol por ano até o fim desta década.

A tendência recente de reaquecimento dos preços do petróleo e a perspectiva de declínio das fontes fósseis, aliada ao estabelecimento de metas ambiciosas de redução das emissões de CO2, abrem um cenário extremamente atraente para a maior utilização da biomassa e do etanol.

É o caso do uso da cana como alternativa na fabricação de produtos químicos e petroquímicos, como solventes, intermediários químicos e resinas plásticas, como o plástico verde.

A implantação de projetos químicos no Brasil usando o etanol como matéria-prima ocorreu na década de 50, quase 40 anos à frente da indústria petroquímica.

A Rhodia, por exemplo, introduziu o uso do etanol em sua cadeia produtiva nos anos 40.

Já com o Proálcool, nas décadas de 70 e 80, a nova estrutura de competitividade do etanol permitiu que projetos fossem viabilizados, mas a atratividade do programa sofreu desaceleração no período em que o petróleo voltou a ter preços muito baixos.

Mais recentemente, a retomada dos preços do petróleo registrada a partir de 2004 e a crescente preocupação com a questão ambiental tornaram o negócio estratégico novamente.

Programas na União Europeia e nos EUA abrem cada vez mais espaço para o etanol e a biomassa da cana como fontes de matérias-primas.

No Brasil não é diferente. A Braskem decidiu, desde 2005, investir no desenvolvimento de produtos a partir de matéria-prima renovável e, em 2010, lançou o polímero verde.

Empresas de biotecnologia como a Amyris e a Solazyme executam arrojados programas de desenvolvimento de novas tecnologias de fermentação para produtos de alto valor agregado que atualmente têm origem fóssil.

O volume de etanol destinado para fins industriais -que hoje representa 5% da produção- deve saltar para 10% ou 15% nos próximos dez anos.

Isso exige ainda mais investimentos no aumento da capacidade produtiva, aprimoramento da gestão de todos os envolvidos e iniciativas para que o Brasil possa suprir as demandas da indústria química mundial.

Fonte:FolhadeSP19/08/2011