A distribuidora de eletricidade Amazonas Energia está em busca de um comprador ou de um novo sócio, em operação que tem atraído o apetite de alguns agentes do setor e investidores financeiros, disseram diversas fontes ao Scoop.

Privatizada pela Eletrobras no final de 2018, a Amazonas Energia pertence à Oliveira Energia e à distribuidora de combustíveis Atem, ambos da região Norte, que arremataram a concessão da empresa em um leilão que não atraiu outros competidores.

Uma saída para as dificuldades financeiras da Amazonas seria positiva inclusive para a Eletrobras, que precisou fazer provisões depois que a distribuidora deixou de pagar parcelas de uma dívida com a companhia, destacaram as fontes, que pediram anonimato porque a potencial operação ainda não é pública.

A busca por um comprador ou novo investidor para a Amazonas Energia é vista pelos controladores como forma de evitar que a Agência Nacional de Energia Elétrica recomende a cassação da concessão da empresa para operar, devido a problemas financeiros e de qualidade do serviço, disseram cinco fontes

Amazonas Energia é colocada à venda
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O BTG Pactual foi contratado para apoiar a operação de venda da companhia, segundo uma dessas pessoas. Mas fundos controlados pelo banco também avaliam a possibilidade de adquirir a empresa e investir diretamente em sua reestruturação, disseram duas das fontes.

A Equatorial Energia, companhia que se especializou em recuperar distribuidoras em dificuldades, também é vista no mercado como potencial interessada na Amazonas, disseram duas fontes, embora esteja no momento bastante ocupada com as recentes aquisições da Enel Goiás e das antes estatais CEA, do Amapá, e CEEE-D, do Rio Grande do Sul.

A EDP Brasil, do grupo português EDP, foi outra apontada como possível compradora da Amazonas Energia, em meio a uma intenção de crescimento no segmento de distribuição, disse outra das fontes.

Procurada, a Amazonas Energia não respondeu pedidos de comentário enviados por meio de seu site. O BTG Pactual não retornou. A Equatorial disse que “não comenta sobre possibilidades específicas de negócios ou aquisições”. A EDP afirmou que “não comenta especulações ou rumores de mercado”.

Negociações em curso

Os controladores da Amazonas Energia querem acertar a venda total ou parcial da companhia até o final do ano, mas as conversas ainda estão em estágio inicial, segundo as fontes. As fontes não comentaram cifras envolvidas na possível transação, mas uma delas avaliou que a Amazonas Energia teria hoje valor negativo, devido às dívidas bilionárias, principalmente com a Eletrobras.

“A empresa está estourada. Talvez seja um dos casos mais complexos do setor elétrico”, disse uma dessas pessoas.

“O caso é bem complicado, mas dá para resolver. Precisa de alguém com mais ´expertise´ e mais musculatura. Há interessados na aquisição”, afirmou outro interlocutor ao Scoop.

Assim, a viabilização de uma eventual venda poderia exigir renegociação dos passivos, com redução no valor total devido, disse essa fonte. Isso poderia ser de interesse da Eletrobras porque a companhia já provisionou bilhões devido à dívida da Amazonas Energia, que suspendeu pagamentos.

A Eletrobras tem R$2,8 bilhões a receber da elétrica, por meio de sua subsidiária Eletronorte, dos quais R$789 milhões são de débitos vencidos e não quitados. Outros R$2 bilhões estão provisionados.

A situação de dificuldade da Amazonas Energia também deve exigir alguma negociação prévia do potencial comprador com a ANEEL, opinou uma das fontes.

Procurada, a ANEEL disse que “tem acompanhado as condições de prestação de serviço da concessionária”, de acordo com suas competências. “Com relação às tratativas relacionadas à troca de controle, a agência se manifestará quando da apresentação formal da mesma para avaliar o cumprimento das obrigações legais desta opção, observando sempre o interesse público”, acrescentou.

Na época do leilão de privatização, no final de 2018, Oliveira Energia e Atem se comprometeram a pagar R$50 mil pela Amazonas Energia, assumindo ainda R$2,1 bilhões em dívidas da elétrica… leia mais em TC 07/11/2022