Numa mudança de um histórico de aquisições em série para desenvolvimento interno de serviços e inovações, a Ambev quer se consolidar como uma plataforma de tecnologia com marcas fortes no mundo de bebidas.

“Vimos que esse jogo de ‘War’ não tinha muito mais espaço, já estávamos no mundo inteiro”, disse nesta quarta-feira (03) o presidente da Ambev, Jean Jereissati, no Ambev Tech & Cheers, evento de tecnologia da companhia realizado em São Paulo.

Desde 2017, a companhia intensificou seus investimentos em tecnologia, ampliando seu time de menos de 1 mil profissionais do setor para 5 mil.

Nesse intervalo, lançou, por exemplo, a plataforma de venda direta a consumidores, Zé Delivery – que já responde por 6% do volume vendido pela companhia, que vendeu 21,9 milhões de hectolitros de cerveja no Brasil no segundo trimestre.

Ambev reduz interesse em aquisições

Em 2021, criou a Bees, plataforma digital de vendas para clientes comerciais, como bares e restaurantes. De acordo com a empresa, 88% de seus clientes já estão digitalizados e usando a plataforma, que também está conectada ao Bees Bank, serviço de conta digital e crédito aos clientes comerciais. Até junho, o Bees Bank tinha 121 mil contas, sendo que 58% dos pontos de venda utilizaram extensão de prazo de pagamento e 37% pagaram digitalmente, pelo aplicativo ou por pix.

O Bees tem um marketplace em que revende produtos de parceiros como BRF, M. Dias Branco e Pão de Açúcar. São mais de 20 fabricantes e 2 mil itens a venda. Mais recentemente, a empresa fechou uma parceria para a Pepsico Foods vender seus produtos na plataforma, conta Jereissati.

Segundo ele, no mundo atual, ecossistemas são quem ganha e não empresas. “Vimos que era preciso dar um salto de inovação no ‘business model’, nos processos, e não só no líquido. Meu papel é mais fazer a categoria de cerveja ficar boa e se perpetuar e menos saber se vendi uma caixa a mais que outra.”

O executivo argumenta que ser só uma empresa de bebidas não representa mais a Ambev, embora não seja uma plataforma puramente de tecnologia. “A gente não é a Alibaba que só tem a plataforma, nem a Nestlé que só tem as marcas.”… leia mais em Valor Econômico 03/08/2022