A americana Ares Management, que gere US$ 384 bilhões, está investindo US$ 100 milhões em ações preferenciais conversíveis da Vinci Partners. A transação vai acelerar a expansão da gestora brasileira na América Latina, com produtos conjuntos entres as casas e principalmente aquisições de operações regionais.

O movimento acontece após quase uma década de aproximação entre as duas gestoras, que têm modelos de negócios e culturas semelhantes. O valor de mercado da Vinci atualmente é de US$ 567 milhões na bolsa americana; a Ares vale US$ 33,5 bilhões.

As preferenciais detidas pela Ares têm dividendos de 8% ao ano e podem ser convertidas a qualquer momento, com 30% de prêmio em relação ao preço médio da ação da Vinci nos últimos 30 dias. Significaria cerca de 12% de participação na companhia.

O acordo é válido por 10 anos – se até lá a americana não converter os papéis em ordinárias classe A, eles serão resgatados pela Vinci. A firma brasileira, comandada por Alessandro Horta, vai introduzir a Ares no circuito de investidores institucionais e indivíduos de alta renda no Brasil, via de mão dupla com a americana, uma das maiores em crédito privado naquele mercado hoje.

Americana Ares põe US$ 100 milhões na Vinci Partners
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A Ares terá assento oficial no conselho da Vinci, que vai ser ocupado por um sócio da gestora, e também a participação como observador do CEO da firma, Michael Arougheti. As partes também terão um acordo de acionistas, que regula questões de governança, como a posição no board, originação de produtos cobranded.

O documento não prevê exclusividade de atuação da Ares na região com a Vinci, ainda que a intenção seja de operações conjuntas nos países vizinhos, mas há exclusividade no Brasil. Todos os movimentos de M&A no país serão feitos por meio da Vinci.

A aliança pode ajudar a atrair investidores globais, como seguradoras e fundações, para mercados emergentes como o Brasil e vizinhança. Ainda que a transação envolva todo tipo de fundo, como private equity e real estate, há uma forte aposta no segmento de crédito.

Cerca de 70% do capital da Ares está em crédito privado, considerado um primeiro passo de aumento de risco de investidores institucionais, como fundos de pensão. A Vinci tem cerca de R$ 6 bilhões no segmento, voltada hoje para companhia de rating alto e, portanto, baixo risco.

Já há conversas em andamento para aquisições. Considerando o múltiplo da Vinci na relação entre valor de mercado e ativo sob gestão, o cheque de US$ 100 milhões traz um potencial de R$ 20 bilhões em AUM em aquisição.

A Jefferies atuou como consultor financeiro da Vinci na transação, e o consultor jurídico foi o escritório Davis Polk & Wardwell. Do lado da Ares, atuaram Wells Fargo e Kirkland & Ellis… leia mais em Pipeline 10/10/2023