Crescimento de venda de smartphones impulsiona setor que terá mais espaço nos celulares produzidos no país

 Um dos maiores consumidores de aplicativos no mundo, o mercado brasileiro movimenta US$ 25 bilhões e tem a expectativa de chegar a US$ 70 bilhões em 2017, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). “Vemos um aumento muito grande de receitas desde 2012. O Brasil, de fato, é um dos grandes consumidores e agora busca ser um dos maiores produtores”, disse o diretor de software e TI do MCT, Rafael Moreira.

 Ainda que seja um grande consumidor de smartphones, o país ainda engatinha na produção de aplicativos. O MCT adotou uma política de incentivo por meio de uma lei que entrou em vigor em outubro desse ano. A lei obriga os produtores de smartphones fabricados no país a utilizar aplicativos nacionais. Inicialmente é preciso ter no mínimo 5 aplicativos nacionais no celular. Esse número subirá para 15 a partir de 1º de janeiro do próximo ano e depois chegará a 50 em dezembro de 2014. “A intenção é criar uma forma de incentivar os desenvolvedores nacionais. Se o usuário não quiser utilizar, pode descartar, mas isso estimula os produtores”, disse Moreira.

 A ideia surge no momento que as vendas de smartphones crescem cada vez mais. No segundo trimestre deste ano houve um crescimento de 110% sobre o mesmo período de 2012. Pela primeira vez, as vendas deste tipo de aparelho superaram as de celulares tradicionais. De acordo com a empresa de mercado IDC Brasil, foram vendidos 15 milhões de celulares no país de abril a junho. Deste total, 54% foram smartphones, contra 46% de aparelhos celulares tradicionais.

 A Dextra Sistemas, empresa que atua com desenvolvimento de software, é uma das que procura acompanhar o mercado de aplicativos móveis. “Antigamente, a procura era de pouca sofisticação e hoje as empresas procuram produtos cada vez melhores”, disse o diretor de negócios da empresa, Luís Dosso. Entre os segmentos que mais demandam esse tipo de software, ele cita aquela que precisam ter um bom relacionamento com seus clientes, como bancos e seguradoras. “Nosso atual estado é o da microinformática na década de 90”. O custo para desenvolver um aplicativo está estimado entre R$ 50 mil e R$ 200 mil. “É o resultado de um esforço por um software de qualidade. Antes, os aplicativos eram mais comuns, hoje exigem mais complexos”, disse.

 Outra desenvolvedora de software e aplicativos, a multinacional CI&T está atenta à expansão do mercado. Segundo o diretor da empresa para dispositivos móveis, Paulo Camara, há quatro forças convergentes no setor: mobilidade, redes sociais, computação em nuvem e internet. “A mobilidade é uma realidade do mundo corporativo sem volta, mas se for adotada isoladamente, sem uma estratégia mais abrangente, pode não trazer todos os resultados esperados”.

 Depois da produção do aplicativo, diz Camara, a tendência é a empresa manter o vínculo com a desenvolvedora para manutenção. “O objetivo de negócio é manter em constante atualização. Muitas empresas têm estruturas frágeis para receber e assumir todas as funções do aplicativo”, disse.

Douglas Nunes
Fonte: brasileconomico 30/12/2013