O mundo do agronegócio tem um novíssimo grande empresário. Em porte mesmo. O catarinense Ricardo Faria, que no início do ano passado criou a companhia de grãos Terrus, acaba de assinar a compra da Insolo, por R$ 1,8 bilhão. Juntas, as companhias têm 120 mil hectares de área para produção e devem ter uma receita de R$ 1 bilhão nesse ano safra. Agora, ele assume a 5ª posição no ranking de maiores áreas de produção do país. Considerando tamanho, fica atrás do líder, o Grupo Bom Futuro, com 530 mil hectares, que é seguido, por SLC Agrícola, Amaggi e Scheffer, nessa ordem.

Leia também demais posts relacionados a Agronegócio no Portal Fusões & Aquisições.

Insolo

O pagamento pelo ativo é praticamente todo em dinheiro, uma vez que a companhia adquirida não tem dívida significativa, conforme contou Faria em entrevista exclusiva ao EXAME IN. O nome da empresa combinada será apenas Insolo, que já carrega reconhecimento do mercado. “Vamos aproveitar a marca, que se consolidou ao longo dos últimos 20 anos.” A Terrus começou com fazendas no chamado Matopi, apelido atribuído ao conjunto de estados Maranhão, Tocantins e Piauí. E a Insolo tem unidades concentradas no Piauí.

A Insolo pertencia a um fundo cujos recursos são do endowment da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Junto com a empresa vem toda inteligência desenvolvida em biodefensivos naturais (fungos e bactérias), que são usados no lugar de defensivos agrícolas tradicionais para proteger o plantio. A Fazenda Ipê, com 35 mil hectares e localizada no Piauí, tem a maior área do país integralmente usuária dessa solução biológica (12 mil hectares). A aquisição ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e será encaminhada para análise amanhã.

Faria cresceu no agronegócio com largas e rápidas passadas. Até 2017, ele era dono da lavanderia industrial Lavebras, com 70% do negócio — os outros 30% pertenciam ao empresário Edson Bueno, fundador do Grupo Amil. No início daquele ano, em uma transação de R$ 1,3 bilhão, vendeu a Lavebras à francesa Elis.

O empresário, então, partiu para o campo e começou a Granja Faria, hoje a maior produtora de ovos do país, segundo ele. Passou, então, de um faturamento na casa dos R$ 180 milhões quatro anos atrás para R$ 785 milhões em 2020 e prevê R$ 1,2 bilhão para 2021. São 14 milhões de aves.

Recentemente, ele causou frisson até no universo gastronômico, ao abrir o restaurante Eggy, no Itaim paulista, onde tudo, absolutamente, visa ressaltar o brilho do ingrediente principal: ele, o ovo. A Eggy mira estar perto do consumidor final.

Os movimentos todos de Faria chamam atenção. Mas, no caso particular da Insolo, como todas as companhias na sua frente em tamanho pertencem a múltiplos donos, ele pode ser considerado o maior produtor agrícola do Brasil individualmente, uma vez que é o dono exclusivo da empresa de grãos. Quem conhece a disposição ao trabalho do empresário, acredita que o apetite dele não para por aí. Questionado se é o novo “rei do agro”, Faria nega: “Nossa, nada disso. Sou, no máximo, rei da minha casa. Mas, nem isso. Você sabe, né!?”, brinca, bem humorado.

Planos

A compra da Insolo acaba de ser assinada e o planejamento já está traçado. A primeira providência vai ser ampliar o plantio ao equivalente a 30 mil hectares, dentro da área detida. “A grande beleza desse negócio é que já começamos com a previsão de ampliar a produção em aproximadamente 30% no próximo ano safra completo”, afirma ele, referindo-se à produção 2022/2023.

Além da expansão, há mais novidades. Dentro de quatro anos, após estudar com profundidade clima e solo, a intenção de Faria é incluir o cultivo do algodão. Não dá para esquecer que o passado da Lavebras deu ao empresário bastante conhecimento da cadeia têxtil, além de boas relações. “Essa cultura tem uma grande capacidade de agregação de valor, apesar de exigir mais capital de giro. Na mesma área plantada, consegue fazer uma receita até três vezes maior [que o cultivo de grãos]”, explica ele…..Saiba mais em indicesbovespa.08/11/2021