Quando Sebastian Popik assinou a venda da Fertiláqua, uma fabricante de fertilizantes especiais comprada pela israelense ICL por US$ 120 milhões, o Aqua Capital — gestora de private equity com foco em agro e foodtechs — ainda não estava muito certo se a estratégia passava por levar algumas das investidas à bolsa.

Quase um ano e meio depois, a gestora fez o IPO da Agrogalaxy — com a saída parcial da rede de revendas de insumos agrícolas — e deslanchou uma estratégia de desinvestimentos ajudou a atrair sócios para as investidas de seu segundo fundo, um veículo de US$ 370 milhões que ainda não completou a fase de investimentos.

Com deals que incluem tranches primárias e secundárias, o Aqua conseguiu marcar a mercado a valorização de ativos que ainda não estavam prontos para uma saída completa — a gestora ainda vê upside na mesa.

“Com uma saída parcial, você faz boas marcações e mostra ao investidor que pode entrar em emergentes sem ficar preso a uma estratégia típica de private equity, de compra e venda em sete anos”, disse Popik ao Pipeline.

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Aqua Capital fez R$ 2 bi em vendas

Ao mesmo tempo, trouxe sócios estratégicos, com a venda de uma fatia minoritária da Biotrop (de defensivos e fertilizantes biológicos) ao fundo soberano de Singapura, e do mercado de capitais — caso da Agrogalaxy — para capitalizar as investidas e continuar a crescer.

As vendas parciais de Agroalaxy e Biotrop — que não estavam no script inicial — ajudaram o Aqua Capital a um montante expressivo de desinvestimentos para o porte da firma, que conta com cerca de US$ 650 milhões sob gestão. No ano passado, as saídas renderam R$ 2 bilhões.

Os maiores negócios foram a venda da Fertiláqua, que foi anunciada em 2020 mas só concluída no ano passado, e a saída do Grand Cru, vendida pelo Aqua à Evino, que recentemente levantou R$ 650 milhões em uma rodada liderada pela Vinci Partners. Popik não abre o retorno dos fundos até aqui, mas garante que “foram muito bons em reais e bons em dólar” mesmo para os padrões internacionais.

“O câmbio é o elefante na sala quando se fala de América Latina, e especialmente no Brasil. O investidor entende que toma risco cambial, mas não gosta nada quando acontece”, disse o gestor, que confia ter conseguido evitar essa frustração.

Popik evita detalhes, mas um indicativo de que o Aqua conseguiu bons recursos é que está na praça captando um terceiro fundo, da ordem de US$ 400 milhões, disse uma fonte ao Pipeline. No ano passado, a firma de private equity já havia indicado, na live do Valor, que pretendia captar R$ 2 bilhões com gestoras locais.

A estratégia não muda, com foco em agro e foodtechs. Neste último caso, a gestora talvez possa entrar em plant based, o que não fez até agora por causa dos múltiplos esticados. No entanto, uma correção nos negócios do gênero — como exemplifica a Beyond Meat — pode abrir uma janela. “Não fizemos nada em plant based porque entendíamos que a precificação estava fora do que era normal. Quem sabe agora…”, emenda Popik.

Enquanto prepara o terceiro fundo, a gestora continua trabalhando na fase de desinvestimentos do primeiro fundo e ainda tem caixa do segundo para aquisições. Há duas semanas, fechou a compra de um negócio de alimentos na Colômbia — o nome ainda não foi revelado.

A expectativa de Popik é concluir a venda total do portfólio do primeiro fundo, que ainda inclui a Comfrio (de logística refrigerada) e Geneseas, que produz camarão e tilápia. “O segundo fundo ainda é relativamente novo, mas também esperamos fazer liquidez total em algum ativo do fundo”, emenda… leia mais em Pipeline 21/03/2022