Aquisições e fusões: qual será o estopim para uma nova corrida?
Grandes empresas têm oportunidade estratégica de adquirir um competidor
A recuperação no front das aquisições e fusões na Europa é algo que poderia conduzir à próxima alça de acesso da corrida das ações na região. O terreno começou a ser terraplenado para possibilitar que as empresas com alto volume de dinheiro em caixa iniciem uma festança, segundo prevêem, caracteristicamente, analistas de aquisições e fusões. Isto resultará em novo e forte impulso para as bolsas de valores do Velho Continente.
A corrida que iniciou-se em junho do ano passado e elevou o indicador paneuropeu Stoxx Europe 600 aos níveis mais altos dos últimos cinco anos mostrou sinais de esgotamento, mas a recuperação das aquisições e fusões reaquecerá o mercado. “Esperamos um rebound na atividade empresarial durante os próximos um a dois anos, e isto permanece sendo uma parte básica da reclassificação que ocorrerá no mercado”, profetiza Adrian Cattley, analista do Citigroup.
Pesquisa do Credit Suisse mostra que os ciclos de aquisições e fusões (M&A, do inglês mergers and acquisitions) carecem tipicamente do mercado de capitais durante 12 meses, o que significa que devem começar a subir dentro dos próximos dois meses. Historicamente, as compras de ações se valorizam 9% nos seis meses após a inércia na atividade de aquisições e fusões, como já avaliou o Citigroup.
Enquanto o ciclo de M&A na Europa, Grande Oriente Médio e África registrou o mais lento início neste ano desde 2003, há muitos que sustentam que os sinais são bons para as empresas que desejam ir às compras. A dívida empresarial, como percentual da lucratividade, encontra-se nos níveis mais baixos desde o final da década de 1980, o financiamento é abundante e as prováveis empresas-alvos estão relativamente baratas.
Vodafone pode ser alvo
“Tudo tem a ver com a confiança empresarial. As condições são bastante favoráveis para M&A. Os mercados de financiamento estão, geralmente, abertos, e o dinheiro não é muito caro”, opina Sascha Levitt, analista-estratégico do Deutsche Bank.
Analistas independentes sustentam que o fato de as empresas terem acumulado considerável volume de cash reflete a preocupação que a pressão sobre os mercados de financiamento pode um dia qualquer voltar e não constituir preparação para aquisições”. A atividade de aquisições e fusões na região da Europa, do Grande Oriente Médio e da África já atingiu US$ 181,1 bilhões no primeiro trimestre deste ano, recuando 20% em base anual. Este foi o trimestre menos ativo desde o terceiro de 2009, e o mais lento início de ano desde 2003, de acordo com pesquisa da Thomson Financial.
Geograficamente – observam analistas independentes – a Grã-Bretanha poderia ser um viveiro de M&A, considerando que 40% do indicador FTSE All Share é de ações de toda a Europa.
Entre os prováveis negócios, três grandes portadores de ações da empresa ENRC, do setor extrativista, examinam a eventualidade de buyout da empresa por US$ 6 bilhões, enquanto, segundo diz-se, a empresa de telecomunicações dos EUA Verizon está cercando a Vodafone da Grã-Bretanha, que é sua sócia na Verizon Wireless.
Dinheiro barato
Um dos motivos que as aquisições e fusões estão paradas é que as empresas têm utilizado um período de excepcionalmente baixas taxas de juros para resgatarem suas dívidas. Em consequência, 90% das empresas européias têm indicador de endividamento líquido em relação ao Ebitda (lucros antes da tributação, juros e depreciação) de 2 negativo.
As desvalorizações das empresas encontram-se em níveis historicamente baixos. As ações européias estão sendo negociadas, em termos de preço em comparação com o valor contábil, de 1,6 vez; a relação P/L (preço em relação ao lucro) é de 12,6, mostrando que os negócios são excepcionalmente, atraentes.
Também a carteira high-yield (de alto retorno, normalmente especulativo) atingiu o recorde dos US$ 134 bilhões durante o primeiro trimestre deste ano. Este é o melhor começo anual da história, com aumento da ordem de 21% de um ano antes, e apoia-se pela busca de desempenhos, a qual, tem encorajado os investidores a “abraçarem o risco”.
Por fim, os economistas consultados mostram-se otimistas em uma explosão de acordos que poderia materializar-se na Europa durante o segundo ou terceiro trimestre deste ano, como destaca Colin McLean, CEO da SVM Asset Management: “O dinheiro está extremamente barato, particularmente para as grandes empresas, as quais têm agora oportunidade estratégica única de adquirir um competidor”.
Laura Britt
Sucursal da União Européia.
Fonte: monitormercantil 13/05/2013