A geradora de energia renovável Auren fechou o segundo trimestre com lucro e nível de alavancagem bastante baixo, o que permite que a companhia busque oportunidades de crescimento após receber 4,2 bilhões de reais da securitização da indenização pela usina hidrelétrica de Três Irmãos, disseram executivos da companhia à Reuters.

A companhia elétrica controlada pelo grupo Votorantim e CPP Investments divulgou nesta quarta-feira um lucro líquido de 182,9 milhões de reais no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de 2 milhões de reais registrado um ano antes.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado da companhia somou 436,1 milhões de reais entre abril e junho, 0,5% abaixo do reportado em igual período de 2022.

No fim de junho, a Auren anunciou a conclusão da securitização de Três Irmãos, tendo recebido 4,2 bilhões pela reversão de bens não amortizados ou depreciados da usina após acordo fechado com a União.

Auren Energia lucra no 2º tri avalia destinação da indenização de Três Irmãos

 

Com o recebimento dos recursos, a alavancagem da companhia fechou o trimestre em 0,3 vez a dívida líquida sobre Ebitda ajustado.

Segundo o CEO da Auren, Fabio Zanfelice, cerca de 3 bilhões de reais estão praticamente reservados. Metade dessa cifra foi direcionada para a distribuição de 1,5 bilhão de reais em dividendos já realizada em maio, e a outra metade, para o “funding” do projeto solar Jaíba, que está em construção.

Os recursos restantes da indenização poderão ir para novos investimentos em geração ou aquisições, acrescentou o executivo.

“Obviamente, a gente tem interesse em continuar investindo nas duas vertentes, continuar avaliando projetos ‘greenfields’… e também estamos bastante ativos em estudar oportunidades de crescimento inorgânico, M&A (fusões e aquisições)”.

Há também a possibilidade de pagamento adicional de dividendos no quarto trimestre, da ordem de 1,5 bilhão de reais, ainda a depender de aprovação, conforme já anunciado pela companhia.

Zanfelice ressaltou que, apesar do cenário mais difícil para tirar do papel novas usinas renováveis, a Auren vê oportunidades interessantes, principalmente em projetos híbridos, que combinam duas fontes de geração no mesmo local e otimizam o uso da rede de transmissão de energia.

“Nós continuamos olhando esse tipo de projeto (híbrido), ou seja, projetos nos quais as características constitutivas, tamanho, escala, ajudem a reduzir o custo total do projeto, fazendo com que ele seja mais competitivo”.

Entre as diferentes fontes de geração, a Auren está hoje mais focada na solar, que tem se mostrado mais competitiva que a eólica na atual conjuntura, disse o executivo.

LEILÃO DE TRANSMISSÃO

A Auren Energia também está avaliando participar do leilão de transmissão de dezembro, que irá oferecer um bipolo em corrente contínua, dividido em quatro sublotes, e mais dois projetos, somando ao todo 21,7 bilhões de reais em investimentos estimados.

“Vamos continuar sempre estudando os próximos leilões, agora a gente vai dar uma estudada nesse aí, mas não temos ainda nenhuma decisão em relação à participação”, disse.

A companhia, que ainda não atua em transmissão, chegou a participar do certame realizado em junho, mas não saiu vencedora… leia mais em MixVale 02/08/2023