O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
incentivará pequenas e médias empresas a aderirem à listagem na Bolsa de
Valores.

“Até o final do próximo ano, pretendemos trazer pelo menos mais 10 companhias
ao Bovespa Mais”, declarou ao DCI, o diretor da Área Industrial, Mercado de
Capitais e de Capital Empreendedor do BNDES, Júlio Ramundo, logo após a
cerimônia do ingresso da Senior Solution no segmento de acesso para pequenas e
médias empresas da BM&FBovespa, realizada ontem, em São Paulo.

O banco de fomento federal é acionista da Senior Solution com 21,5% de
participação, assim como participa indiretamente por intermédio de fundos do
capital de cerca de 160 empresas de pequeno e médio porte que receberam
recursos do BNDES e do BNDESPar. “Participamos de projetos que garantam a
inovação tecnológica. 80% das 199 empresas que temos participações indiretas são
micro, pequenas e médias empresas. A Bolsa deve ser um caminho para dar
visibilidade aos seus projetos de expansão”, acrescentou Ramundo.

No exemplo da Senior Solution, o BNDES investiu quase R$ 18 milhões na
provedora de software e serviços para o setor financeiro, sendo cinco aportes de
financiamento que somaram R$ 13 milhões em crédito, e mais R$ 4,8 milhões em
capital.

A listagem de pequenas e médias empresas na Bolsa permitirá ao BNDES e aos
fundos de private equity encontrarem outra opção de saída das companhias, via
mercado de capitais.

No último dia 16 de abril, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anunciou o
compromisso da instituição de fomento em investir R$ 1 bilhão nos próximos três
anos em fundos de private equity e venture capital. No programa divulgado, a
instituição deve aportar recursos em fundos que contribuam para as áreas de
pesquisa e desenvolvimento e de tecnologia da informação e lançar mais dois
fundos de private equity.

O BNDES já investe em 29 fundos para pequenas e médias, sendo 14 de “capitalsemente”
e venture capital e os outros 15 em private equity. A estratégia
anunciada por Coutinho prevê que o BNDES entre com cerca de 20% dos recursos
nos fundos, ou seja, deve exigir uma contraparte de 80% dos fundos de private
equity para aprovar os financiamentos.

A experiência deu resultados no caso da Senior Solution. O fundo de private
equityStratus possui 16% de participação na provedora de software. “Uma parte
significativa das companhias que chegam à Bolsa possuem até um terço [33,3%]
de capital de private equity”, exemplificou o diretor do Grupo Stratus, Alberto
Camões.

 Ele está confiante na chegada de novas companhias ao mercado de capitais.
“Esperamos ver a listagem de dezenas de empresas no Bovespa Mais”, afirma
Camões.

A Senior Solutions agora é a terceira empresa a ser listada no segmento de acesso.
As duas anteriores, que abriram capital, são a Nutriplant Indústria e Comércio e a
Desenvix Energias Renováveis.

E até o segundo semestre deste ano, elas terão a companhia de mais 2 empresas
que terão cumprido as etapas de governança corporativa do padrão Novo Mercado
para serem listadas no Bovespa Mais, conforme informou o presidente da
BM&FBovespa, Edemir Pinto.

Small Caps 

Mas o atual momento internacional de aversão a risco não favorece as empresas de
baixa capitalização (small caps) listadas na BM&FBovespa. Ontem, o índice Small
Caps que reúne 73 papéis desse segmento fechou em queda de 0,22%, mas
acumula alta de 18,64% em 2012, e de apenas 0,51% nos últimos doze meses.

“O investidor vai buscar ações seguras, boas pagadoras de dividendos, ou ações
líquidas para caso apareça algum arrependimento, ele possa sair rapidamente da
Bolsa”, alerta o diretor da corretora Flow CCTVM, Manuel Maria Fernandez.

Mas ele reconhece que apesar das dificuldades de liquidez dos papéis, tudo
depende do horizonte de investimento. “O investidor de small caps deve ter muito
cuidado com o prazo, e observar se a companhia possui formadores de mercado,
uma garantia para o investidor sair do papel, se for preciso”, aconselha.

A Flow atua como formador de liquidez de companhias como a OGX, JBS, Localiza e
Dasa. “Na composição do índice Small Caps há companhias líquidas como a PDG
Realt, a Dasa e a MRV Engenharia. E ao contrário, há empresas de grande
capitalização, como a Weg, que possuem baixa liquidez”, desmistifica o diretor
sobre o conceito de liquidez.

Entre as companhias presentes no índice, a Odontoprev é recomendada pelo HSBC,
que destaca os bons dividendos de Coelce e ABC Brasil. A corretora Coinvalores
recomenda Raia Drogasil, Copasa, OHL Brasil e Eztec e JHSF. A Socopa Corretora
Paulista indica em sua carteira, os papéis da PDG Realt, Anhanguera Educacional,
Even, OSX, Gol e V-Agro. A Banif recomenda compra das construtoras Brookfield,
Even e Tecnisa e vê como negativo o desempenho da Randon por sua queda de
lucratividade. Por Ernani Fagundes
Fonte: DCI 11/05/2012