Sistema britânico conta com um Estado provedor da carteira de serviços públicos, que também pode ser paga por impostos. Na opinião do Superintendente do Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina, o País tem sete mil hospitais, mas apenas 500 de boa qualidade

Para o superintendente-corporativo do Hospital Sírio Libanês, Gonzalo Vecina, o Brasil está caminhando para ter um setor da saúde baseado nos mesmos parâmetros do sistema inglês. Conhecido como beveridgiano (William Beverige), esse conceito estipula a caracterização de um Estado provedor de ampla carteira de serviços públicos, que também pode ser feita por meio de impostos gerais.

No entanto, antes desse salto, Vecina aponta que o Brasil precisa sanar muitos gargalos no setor. “Nós temos sete mil hospitais no País, deste total, deve haver 500 que realizam um bom serviço, o resto deixa a desejar”.

Em pronunciamento no Hospital Management Summit, realizado na última quinta-feira, (12), no Amcham Business Center, em São Paulo, ele chama atenção para o fato de que temos poucas instituições que possuem as certificações conhecidas. “O número de hospitais que são reconhecidos pelas principais acreditadoras chega a 200. É muito pouco entre sete mil hospitais”.

Vecina diz ainda que do total de hospitais que existem no Brasil, grande parte são instituições pequenas. Segundo o superintendente, mais de 50% não tem UTI ou capacidade de realizar cirurgias mais complexas.

Iniciativa privada

Em sua fala, o executivo explica que a situação também é preocupante na saúde privada. “Atualmente não existe nenhuma operadora que estimule hábitos de vida saudáveis entre seus beneficiários”.

Quanto às questões ligadas a OPME Vecina conta que os problemas relacionados às altas contas que instituições e empresas de saúde tem que pagar é uma consequência do tipo de medicina que desempenhamos no Brasil.

Mesmo com posicionamento crítico, Vecina acredita que o Brasil melhorou e exemplifica ao dizer que um dos benefícios foi a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “A Anvisa foi constituída, em grande medida, porque os industriais queriam que ela existisse”.

Quando questionado sobre o futuro da saúde, Vecina diz que acredita que a saúde suplementar tende a crescer, diante das transformações do mercado. “Esse setor que hoje ocupa quase 25% do mercado tende a chegar a 35%. Mas isso vai depender da capacidade das operadoras de gerar eficiência”.

Em contrapartida, Vecina acredita que a população vai exigir que o SUS seja cada vez mais eficiente.
Fonte:saudeweb 18/04/2012