O País ainda tenta mensurar sua capacidade de receber os turistas esperados para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. As 27 capitais brasileiras têm condições de hospedar, juntas, 554.427 pessoas, levando em consideração os leitos duplos e individuais existentes hoje, segundo a Pesquisa de Serviços de Hospedagem 2011, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a pedido do Ministério do Turismo.

No Rio de Janeiro, cidade que será a sede da Olimpíada, o número de leitos disponíveis é de 67. 536. Mas só os Jogos de 2016 terão cerca de 200 mil pessoas cadastradas, entre atletas, imprensa, voluntários e organizadores. O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos informou que a cidade se comprometeu em contrato e, portanto, tem condições de fornecer, até o evento, 48 mil quartos, distribuídos entre hotéis, vilas olímpicas e até cabines de cruzeiros. Entretanto, a capital dos Jogos deve receber ainda 380 mil turistas estrangeiros, de acordo com estimativas do próprio ministério.

Mesmo que somadas as vagas em todas as capitais, o número seria suficiente apenas para atender os turistas estrangeiros que devem vir ao Brasil para a Copa do Mundo, estimados entre 500 mil e 600 mil.

Quando contadas somente as vagas nas 12 capitais que serão sede das partidas de futebol, o total cai para 416.147. E há ainda a necessidade de abrigar turistas brasileiros, que devem migrar para as cidades-sede nos dias de competição.

“Há espaço para aumentar e melhorar a capacidade de hospedagem no País. Algumas capitais já estão tomando a iniciativa. Brasília implodiu alguns hotéis, reduziu a capacidade atual para ampliá-la. Esses hotéis vão ser reconstruídos”, apontou Wasmália Bivar, presidente do IBGE.

Outra dificuldade detectada no levantamento é que o País ainda possui poucos hotéis de padrão internacional, considerados de luxo ou muito confortáveis. De todos os estabelecimentos, 85,5% encaixam-se nos padrões de médio e baixo conforto e qualidades dos serviços. Apenas 14,5% foram considerados de luxo ou muito confortáveis. No Rio, a situação é melhor: 23,5% dos estabelecimentos atendem à classificação de luxo ou superior. Em São Paulo, que terá seis jogos da Copa de 2014, esse porcentual cai para 19,6%.

A Federação dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) reconhece que há gargalos na oferta de quartos em algumas capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, e culpa a supervalorização dos terrenos disponíveis como o maior entrave à expansão do setor.

Mas, na avaliação de Julio Serson, vice-presidente da FOHB, as vagas existentes e as que serão criadas pelos investimentos em andamento darão conta da demanda.

O ministro do Turismo, Gastão Vieira, afirmou em nota que os dados do IBGE somados aos investimentos em curso permitem afirmar que não haverá problemas de hospedagem durante os eventos internacionais.

Necessidades especiais. No entanto, a pesquisa mostrou ainda outros problemas, como a falta de preparo para hospedar idosos e portadores de necessidades especiais. Apenas 3.253 das 250.284 unidades existentes nas capitais brasileiras possuem adaptações para pessoas com alguma necessidade especial. No Rio, que sediará os Jogos Paraolímpicos, somente 272 entre 31.594 unidades são adaptadas, enquanto São Paulo tem apenas 511 unidades adaptadas entre as 54.065 existentes.

Nas 27 capitais brasileiras, foram encontrados 5.036 estabelecimentos de hospedagem, com 250.284 unidades habitacionais (entre suítes, apartamentos, quartos e chalés).

A rede de hospedagem estava dividida em 52,1% de hotéis, 23,5% de motéis, 14,2% de pousadas, 4,2% de apart-hotéis, 3,1% de pensões, 1,9% de albergues turísticos e 1% de dormitórios e estabelecimentos coletivos. Por DANIELA AMORIM
Fonte:OEstadodeSP29/02/2012